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Zimbabué Acelera Transição Monetária: Governo Quer Abandonar Dólar e Consolidar o ZiG Até 2030

Resumo

Zimbabué planeia restaurar uma moeda única, o ZiG, até 2030, abandonando progressivamente o dólar norte-americano. O objetivo é acumular reservas para garantir a transição para uma única moeda nacional e recuperar autonomia monetária após décadas de instabilidade. Atualmente, as reservas internacionais do país cobrem entre três e seis meses de importações. O ZiG, lançado em 2024, já representa 40% das transações diárias, impulsionado pela valorização internacional do ouro. Esta estratégia visa resolver os problemas causados pela hiperinflação, dolarização e falhas na gestão cambial que levaram ao colapso da moeda nacional em 2009. O vice-governador do banco central, Innocent Matshe, destaca a importância de acumular reservas suficientes para garantir a estabilidade monetária no futuro.

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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Zimbabué aposta na acumulação de reservas para restaurar uma moeda única e recuperar autonomia monetária após décadas de instabilidade

O Governo do Zimbabué reafirmou a intenção de abandonar progressivamente o dólar norte-americano e instituir o ZiG como moeda única até 2030. A estratégia assenta no reforço das reservas internacionais, que actualmente cobrem entre três e seis meses de necessidades de importação, segundo o vice-governador do banco central, Innocent Matshe. Trata-se de mais uma tentativa de recuperar autonomia monetária depois de mais de uma década marcada por hiperinflação, dolarização e sucessivas falhas na gestão cambial.

A Ambição de Uma Moeda Única

A estratégia anunciada pelas autoridades monetárias visa “acumular reservas suficientes que permitam a transição para um sistema de mono-moeda”, afirmou Innocent Matshe durante um encontro com executivos do sector mineiro, em Harare. O objectivo é claro: “Até 2030, se todas as condições se mantiverem favoráveis, teremos reservas suficientes para sustentar a transição para uma única moeda nacional.”

A abordagem pretende resolver o legado de instabilidade monetária que levou ao colapso da moeda nacional e forçou o país a adoptar o dólar norte-americano como meio de pagamento dominante desde 2009.

ZiG Ganha Peso no Sistema de Pagamentos

Lançado em Abril de 2024, o ZiG — Zimbabwe Gold — vem sendo apresentado como o instrumento central para restaurar a soberania monetária. Segundo dados citados pelas autoridades, o ZiG já representa 40% das transacções diárias, apoiado pela forte valorização internacional do ouro.

O país beneficiou de um aumento de 48% no preço do ouro durante o ano, o que impulsionou tanto a confiança na nova moeda como a actividade na Victoria Falls Stock Exchange, dominada por instrumentos denominados em dólares e por empresas ligadas ao sector aurífero.

A ligação directa do ZiG ao ouro e a outros activos estratégicos pretende criar uma âncora de valor mais estável do que as anteriores moedas locais, marcadas por episódios de hiperinflação que corroeram poupanças e confiança.

Reservas e Import-Cover: O Pilar do Novo Caminho Cambial

O vice-governador do banco central revelou que as reservas internacionais situam-se actualmente em cerca de mil milhões de dólares, valor que garante entre três e seis meses de cobertura de importações — um patamar considerado mínimo para países de economias vulneráveis.

A meta para os próximos três anos é elevar esse nível até um patamar que possibilite “ancorar a transição para uma moeda única”, reforçando a capacidade defensiva do banco central contra choques externos.

A Desdolarização Não Será Total Nem Imediata

Embora a narrativa oficial sublinhe a ambição de restaurar plenamente uma moeda nacional, as autoridades reconhecem que o processo será gradual e coexistirá, durante um período prolongado, com o uso de dólares. Instrumentos financeiros dolarizados — como Treasury bills, obrigações e acções — não serão convertidos compulsivamente em ZiG, preservando garantias de segurança jurídica para investidores e empresas.

Esta abordagem híbrida procura evitar rupturas e transmitir previsibilidade num mercado que continua altamente dolarizado, com empresas e famílias habituadas à estabilidade do dólar face à volatilidade histórica da moeda local.

Confiança, Ouro e Credibilidade Institucional: Os Três Testes Decisivos

O plano de desdolarização depende de três factores estruturais que actuam de forma interligada. O primeiro é a manutenção dos preços elevados do ouro, elemento decisivo para sustentar a confiança na ancoragem do ZiG e na sua capacidade de preservar valor num país com um histórico difícil de estabilidade monetária. O segundo factor é o reforço contínuo das reservas internacionais, considerado essencial para garantir convertibilidade, defender a moeda de choques externos e assegurar que o Banco Central dispõe de instrumentos adequados para gerir pressões cambiais. O terceiro factor é a estabilidade macroeconómica e a coerência institucional, sem as quais a população e as empresas tenderão a manter preferência pelo dólar como meio de poupança e unidade de referência.

Perspectiva de Médio Prazo

O Zimbabué está a tentar, pela primeira vez em muitos anos, ancorar a reconstrução da sua política monetária em fundamentos reais — ouro, reservas e estabilidade. Contudo, a história recente do país demonstra que a confiança é um activo difícil de recuperar e fácil de perder. A ambição de chegar a 2030 com um regime de moeda única dependerá menos das declarações oficiais e mais da capacidade de manter disciplina cambial, credibilidade técnica e estabilidade macroeconómica.

Fonte: O Económico

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