Resumo
Moçambique enfrenta graves consequências das mudanças climáticas, com eventos extremos como secas, cheias e ciclones a tornarem-se frequentes. Estes desastres naturais prejudicam a agricultura de subsistência, ameaçando a segurança alimentar e agravando a pobreza. Além disso, danificam infraestruturas essenciais e causam perdas humanas e materiais, afetando comunidades inteiras. As regiões costeiras são particularmente vulneráveis, sofrendo os impactos da subida do nível do mar. A produção de energia hidroelétrica também está em risco devido à variabilidade da precipitação. A falta de estratégias de adaptação coloca o país em risco de empobrecimento, migração forçada e aumento da desigualdade. É crucial que Moçambique encare a crise climática como um problema urgente que afeta principalmente os mais pobres e vulneráveis.
Moçambique vive na linha da frente dos efeitos das mudanças climáticas. Secas, cheias, ciclones e inundações, antes vistos como eventos esporádicos, tornaram-se quase rotina. Essa sucessão constante de desastres naturais corrói meios de vida, destrói comunidades e ameaça o futuro de milhões de pessoas.
Para um país onde grande parte da população depende da agricultura de subsistência, a instabilidade do clima é uma sentença. Com chuvas imprevisíveis e períodos de seca prolongados, as colheitas falham, a segurança alimentar é posta em risco e a pobreza se aprofunda.
Quem vive da terra, ou depende dela para sobreviver, vê seus sonhos e sustento ruírem junto com a próxima estação de chuvas.
Mas os impactos vão além do campo. Cada desastre natural danifica casas, escolas, centros de saúde, estradas e infraestrutura essenciais. Comunidades inteiras perdem acesso a serviços básicos, e o trauma social, das perdas materiais e humanas, torna-se parte do cotidiano.
As regiões costeiras e baixas do país, especialmente vulneráveis à subida do nível do mar e enchentes, revelam uma dura contradição, são partes do território que menos contribuíram para o aquecimento global, mas pagam o preço mais alto.
Além disso, a energia fornecida ao país, maioritariamente a partir de hidroelétricas, também está ameaçada por esse cenário climático instável. A variabilidade cada vez maior da precipitação poderá reduzir a eficácia dessas usinas, comprometendo a geração de energia, infraestrutura de abastecimento de água e outros serviços essenciais.
Com a falta de estratégias claras de adaptação, Moçambique arrisca transformar cada desastre em um ciclo de empobrecimento, migração forçada, desigualdade reforçada e vulnerabilidade permanente. A inação diante do clima não é neutra, ela penaliza de forma desproporcional os mais pobres, os que têm menos voz, os que menos podem pagar.
É importante que o país encare a crise climática não só como uma questão ambiental, mas como um problema social e de justiça. Isso significa investir em infraestruturas resilientes, planeamento urbano e rural cuidadoso, sistemas de alerta, apoio à agricultura sustentável, redes de proteção social e políticas públicas que priorizem os mais vulneráveis.
A mudança do clima exige mudanças, no planeamento e na consciência colectiva.
O clima mudou. A forma como reagimos precisa mudar também.






