Resumo
As Nações Unidas alocaram 6 milhões de dólares do Fundo Central de Resposta a Emergências (Cerf) a Moçambique para ajudar 120 mil pessoas deslocadas pelo conflito na província de Nampula. A situação agravou-se desde meados de novembro, com cerca de 100 mil pessoas a fugir nas últimas duas semanas. A maioria dos deslocados são crianças, com casos de cólera confirmados devido às condições precárias em que se encontram. As crianças estão em escolas superlotadas, estruturas improvisadas ou com famílias vulneráveis. A falta de acesso à educação afeta não só os exames em curso, mas também aqueles que fugiram de casa. O financiamento humanitário para Moçambique está abaixo dos 28% necessários, com apenas 97 milhões de dólares recebidos dos 352 milhões necessários até agora.
A medida anunciada na quarta-feira foi formalizada pelo coordenador de Ajuda Emergência da ONU, Tom Fletcher, para ajudar a ampliar o apoio essencial a 120 mil pessoas deslocadas pela violência na província de Nampula, no norte.
Expansão do conflito
A situação na região piorou drasticamente desde meados de novembro, com a expansão do conflito. A Agência da ONU para os Refugiados, Acnur, informou recentemente que cerca de 100 mil pessoas haviam fugido apenas nas últimas duas semanas.
A chefe do Gabinete de Coordenação de Ajuda Humanitária das Nações Unidas em Moçambique, Paola Emerson, disse à ONU News, em Maputo, que a situação é preocupante com crianças representando o maior número de deslocados.
“Cerca de 65% são crianças, uma figura nunca vista até agora. Meninos e meninas a fugirem de casa, muitos estão ao relento, uma situação preocupante, visto que estamos no início da época chuvosa e já houve casos confirmados de cólera, tanto no distrito de Eráti, em Nampula, onde a maioria de deslocados interno estão, como no distrito de Metuge já em Cabo Delgado.”
Privados a Educação
A representante citou ainda que as crianças estão abrigadas em escolas superlotadas e em estruturas improvisadas, espaços abertos ou com famílias anfitriãs já vulneráveis.
“Há cerca de três centros que estão a ser agora utilizados, que são escolas...Isto tem impacto na época escolar, estamos em plena época de exames, tanto para os meninos e as meninas que estavam na escola nesta altura, e não podem ter acesso a escola, mas também para aqueles que fugiram de casa e não podem fazer exames na sua zona de origem.”
Dados do Ocha indicam que o apelo humanitário de 2025 para Moçambique está com menos de 28% do financiamento necessário. Fora recebidos apenas US$ 97 milhões dos US$ 352 milhões até agora.
Esta situação, já se faz sentir na assistência dada até ao momento. As agências das Nações Unidas, o governo moçambicano e parceiros redobram esforços para não deixar ninguém para trás.
“ A comunidade humanitária está a tentar fazer o seu melhor, usando stock que existe para a resposta humanitária em Cabo Delgado, redirecionando para Nampula, mas há uma grande insuficiência em tendas, comida, água e saneamento, kits de dignidade...e isto tudo está a criar uma situação de proteção preocupante, tem havido muita tensão que se tem estabelecido entre as diferentes comunidades incluindo as comunidades acolhedoras.”
A resposta rápida para aos deslocados internos é urgente. Todos estão envolvidos nos esforços para salvar vidas. Paola Emerson cita o contributo do Governo de Moçambique e dos parceiros.
Prioridades
“O governo tem tido papel importantíssimo dando assistência imediata as pessoas que foram deslocadas, através da sua mobilização incluindo o setor privado. Cerca de 40 mil receberam de alguma forma assistência alimentar e também foram abertos alguns poços para aumentar a provisão de água para estas pessoas que estão afetadas.”
Os atos de violência no norte de Moçambique começaram na província de Cabo Delgado em 2017 e já deslocaram mais de 1,3 milhão de pessoas.
*Ouri Pota é o correspondente da ONU News em Moçambique.
Fonte: ONU






