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Sunday, December 14, 2025
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Piora dos ataques no norte de Moçambique preocupa comunidade humanitária

Resumo

As Nações Unidas alocaram 6 milhões de dólares do Fundo Central de Resposta a Emergências (Cerf) a Moçambique para ajudar 120 mil pessoas deslocadas pelo conflito na província de Nampula. A situação agravou-se desde meados de novembro, com cerca de 100 mil pessoas a fugir nas últimas duas semanas. A maioria dos deslocados são crianças, com casos de cólera confirmados devido às condições precárias em que se encontram. As crianças estão em escolas superlotadas, estruturas improvisadas ou com famílias vulneráveis. A falta de acesso à educação afeta não só os exames em curso, mas também aqueles que fugiram de casa. O financiamento humanitário para Moçambique está abaixo dos 28% necessários, com apenas 97 milhões de dólares recebidos dos 352 milhões necessários até agora.

As Nações Unidas destinaram U$D 6 milhões do Fundo Central de Resposta a Emergências, Cerf, a Moçambique para apoiar vítimas do conflito.

A medida anunciada na quarta-feira foi formalizada pelo coordenador de Ajuda Emergência da ONU, Tom Fletcher, para ajudar a ampliar o apoio essencial a 120 mil pessoas deslocadas pela violência na província de Nampula, no norte.

Expansão do conflito

A situação na região piorou drasticamente desde meados de novembro, com a expansão do conflito.  A Agência da ONU para os Refugiados, Acnur,  informou recentemente que cerca de 100 mil pessoas haviam fugido apenas nas últimas duas semanas.

A chefe do Gabinete de Coordenação de Ajuda Humanitária das Nações Unidas em Moçambique, Paola Emerson, disse à ONU News, em Maputo, que a situação é preocupante com crianças representando o maior número de deslocados.

“Cerca de 65% são crianças, uma figura nunca vista até agora. Meninos e meninas a fugirem de casa, muitos estão ao relento, uma situação preocupante, visto que estamos no início da época chuvosa e já houve casos confirmados de cólera, tanto no distrito de Eráti, em Nampula, onde a maioria de deslocados interno estão, como no distrito de Metuge já em Cabo Delgado.”

Privados a Educação

A representante citou ainda que as crianças estão abrigadas em escolas superlotadas e em estruturas improvisadas, espaços abertos ou com famílias anfitriãs já vulneráveis.

“Há cerca de três centros que estão a ser agora utilizados, que são escolas...Isto tem impacto na época escolar, estamos em plena época de exames, tanto para os meninos e as meninas que estavam na escola nesta altura, e não podem ter acesso a escola, mas também para aqueles que fugiram de casa e não podem fazer exames na sua zona de origem.”

Dados do Ocha indicam que o apelo humanitário de 2025 para Moçambique está com menos de 28% do financiamento necessário. Fora recebidos apenas US$ 97 milhões dos US$ 352 milhões até agora.

Esta situação, já se faz sentir na assistência dada até ao momento. As agências das Nações Unidas, o governo moçambicano e parceiros redobram esforços para não deixar ninguém para trás.

“ A comunidade humanitária está a tentar fazer o seu melhor, usando stock que existe para a resposta humanitária em Cabo Delgado, redirecionando para Nampula, mas há uma grande insuficiência em tendas, comida, água e saneamento, kits de dignidade...e isto tudo está a criar uma situação de proteção preocupante, tem havido muita tensão que se tem estabelecido entre as diferentes comunidades incluindo as comunidades acolhedoras.”

A resposta rápida para aos deslocados internos é urgente. Todos estão envolvidos nos esforços para salvar vidas. Paola Emerson cita o contributo do Governo de Moçambique e dos parceiros.

Uma criança cuja família fugiu da violência no norte de Moçambique descansa em um local para pessoas deslocada
© Acnur/Isadora Zoni

Uma criança cuja família fugiu da violência no norte de Moçambique descansa em um local para pessoas deslocada

Prioridades

“O governo tem tido papel importantíssimo dando assistência imediata as pessoas que foram deslocadas, através da sua mobilização incluindo o setor privado. Cerca de 40 mil receberam de alguma forma assistência alimentar e também foram abertos alguns poços para aumentar a provisão de água para estas pessoas que estão afetadas.”

Os atos de violência no norte de Moçambique começaram na província de Cabo Delgado em 2017 e já deslocaram mais de 1,3 milhão de pessoas.

*Ouri Pota é o correspondente da ONU News em Moçambique

Fonte: ONU

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