Resumo
Moedas do G10 oscilam devido a políticas monetárias divergentes, pressões inflacionárias persistentes e incerteza sobre a Reserva Federal dos EUA. O dólar fortaleceu-se devido a dados laborais dos EUA acima das expectativas, com o relatório JOLTS a mostrar um aumento para 7,67 milhões de vagas de emprego. Este desempenho robusto indicou uma procura laboral sólida apesar da desaceleração económica. O dólar atingiu máximos de duas semanas face ao iene, aproximando-se de 157 ienes por dólar, impulsionando o Índice do Dólar para 99,21 pontos. Espera-se que a Reserva Federal adote uma postura conservadora após o corte de juros previsto. O euro depreciou ligeiramente para cerca de 1,163 dólares, devido a pressões na dívida europeia e à cautela do BCE.
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p style="margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial">Moedas do G10 oscilam entre políticas monetárias divergentes, pressões inflacionárias persistentes e incerteza sobre a orientação futura da Reserva Federal
O mercado cambial internacional registou esta Terça-Feira, 9 de Dezembro, uma sessão marcada pelo fortalecimento do dólar norte-americano, impulsionado por indicadores do mercado laboral dos Estados Unidos que superaram expectativas e reforçaram a percepção de resiliência económica. A combinação entre um Fed prestes a anunciar um corte de juros e dúvidas sobre a orientação futura da política monetária desencadeou movimentos diferenciados nas principais moedas globais, num contexto de elevada incerteza macroeconómica.
Dólar Reforça Posição Após Surpresa Nos Dados Laborais Dos EUA
O dólar registou ganhos consistentes após a divulgação do relatório JOLTS, que revelou um aumento de vagas de emprego para 7,67 milhões, acima das previsões de 7,15 milhões. O indicador foi interpretado como sinal de que a procura laboral permanece robusta, mesmo num ambiente de desaceleração gradual da economia norte-americana. A moeda norte-americana atingiu assim máximos de duas semanas face ao iene, aproximando-se de 157 ienes por dólar.
O movimento deu novo impulso ao Índice do Dólar (DXY), que avançou para 99,21 pontos, sustentado por expectativas de que a Reserva Federal adoptará postura relativamente conservadora após o corte de juros amplamente antecipado para esta semana. O fortalecimento do dólar reflecte, portanto, não apenas dados económicos positivos, mas uma reconfiguração das expectativas quanto ao ritmo de flexibilização para 2026.
Euro Reage A Pressões Sobre A Dívida Europeia E À Cautela Do BCE
O euro registou ligeira depreciação, transaccionando-se próximo de 1,163 dólares, na sequência de uma sessão que ficou marcada por ajustamentos no mercado obrigacionista europeu e por declarações de Isabel Schnabel, membro do conselho do BCE, que admitiu que a próxima decisão poderá mesmo ser uma subida de taxas, ainda que num horizonte não imediato. Estas declarações condicionaram o apetite por activos europeus, ao mesmo tempo que os investidores ponderam os riscos associados a um crescimento anémico na zona euro.
A combinação entre perspetivas moderadas de crescimento, pressões inflacionárias residuais e incerteza quanto ao posicionamento do BCE limitou a capacidade de valorização do euro, que continua a enfrentar um dólar estruturalmente mais forte no curto prazo.
Libra Oscila Com Dificuldades Do Mercado Britânico
A libra esterlina apresentou uma sessão de volatilidade moderada, influenciada por dúvidas persistentes sobre a trajectória económica do Reino Unido. A moeda britânica recuou ligeiramente para 1,3303 dólares, reflectindo o impacto de indicadores mistos no mercado laboral, de uma recuperação económica frágil e das expectativas divergentes sobre o ritmo de ajustamento das taxas de juro pelo Banco de Inglaterra.
O movimento traduz a sensibilidade da libra a revisões súbitas nas expectativas de inflação e crescimento, num ambiente em que a política monetária britânica permanece fortemente dependente da evolução da economia doméstica.
Dólar Australiano Valoriza-Se Com Postura Mais Restringida Do Banco Central
O dólar australiano destacou-se pela valorização, negociando em torno de 0,6641 dólares. A moeda beneficiou do anúncio do Reserve Bank of Australia de que manterá as taxas de juro inalteradas e não antecipa cortes no curto prazo. As declarações da governadora Michele Bullock, que alertou para a persistência de riscos inflacionários, deram força adicional ao dólar australiano e reforçaram a percepção de que a política monetária australiana poderá divergir da flexibilização esperada nos EUA e Europa.
Moedas Nórdicas Apresentam Movimentos Técnicos Em Ambiente De Incerteza
As moedas da Noruega e da Suécia registaram ligeiras oscilações, ajustando-se a expectativas de mercado sobre possíveis revisões de taxas em 2026. O dólar norueguês transaccionou-se acima de 10,14 coroas por dólar, enquanto o euro oscilou próximo de 11,80 coroas norueguesas. Já a coroa sueca registou apreciações moderadas, influenciada por tendências técnicas e antecipação de orientações do Riksbank.
Yuan Offshore Mantém Estabilidade Num Contexto De Estímulos Limitados
O yuan offshore negociado em Hong Kong apreciou marginalmente para 7,0617 yuans por dólar, numa reacção moderada à percepção de que o mais recente comunicado do Politburo chinês não antecipa estímulos adicionais significativos. A valorização limitada reflecte uma combinação entre ajustamentos técnicos e prudência dos investidores quanto à trajectória económica da China.
Perspectiva De Curto Prazo: Mercado Cambial Continua A Ser Guiado Pela Fed
O comportamento do mercado cambial continuará fortemente condicionado pelo discurso da Fed e pela forma como o banco central norte-americano calibrará as expectativas para 2026. A divergência entre políticas monetárias, a resiliência económica dos EUA, a evolução da inflação na Europa e a postura de bancos centrais como o RBA, BoE e ECB serão determinantes para a direcção das principais moedas nas próximas semanas.
Num ambiente de incerteza alargada, os fluxos de aversão ou procura de risco poderão amplificar movimentos de curto prazo, sobretudo entre moedas emergentes e divisas com maior exposição a ciclos de commodities, embora estas últimas sejam analisadas em artigo separado.
Fonte: O Económico






