Resumo
Elevada exposição em derivados e volatilidade crescente aumentam os riscos de curto prazo no mercado cripto, com perda de confiança e ausência de catalisadores positivos. O mercado de criptoativos enfrenta tensão financeira no final de 2025, com a iminente expiração de cerca de 23 mil milhões de dólares em opções sobre Bitcoin a amplificar a volatilidade. A Deribit, principal plataforma de negociação de opções sobre criptomoedas, concentra mais de metade do interesse aberto, aumentando o risco de movimentos bruscos de preços. O Bitcoin, a 85 mil dólares, caiu cerca de 30% desde o máximo histórico de 126 mil dólares em Outubro, com volatilidade implícita de 30 dias em torno de 45% e skew negativo de -5%, indicando preferência dos investidores por proteção contra desvalorizações.
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p style="margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial">Elevada exposição em derivados, volatilidade crescente e posicionamento defensivo reforçam riscos de curto prazo no mercado cripto, num contexto de perda de confiança e ausência de catalisadores positivos imediatos.
O mercado de criptoactivos aproxima-se do final de 2025 sob um ambiente de elevada tensão financeira. A iminente expiração de cerca de 23 mil milhões de dólares em opções sobre Bitcoin está a amplificar a volatilidade e a expor fragilidades estruturais num mercado que perdeu fôlego após máximos históricos registados no último trimestre.
Derivados no centro da instabilidade
A expiração de opções prevista para a última semana de Dezembro concentra mais de metade do interesse aberto na Deribit, a maior plataforma global de negociação de opções sobre criptomoedas. Esta concentração aumenta significativamente o risco de movimentos abruptos de preços, sobretudo num mercado já caracterizado por liquidações em cascata e reduzida profundidade em momentos de stress.
Nos últimos dias, o valor de mercado do Bitcoin registou oscilações superiores a 130 mil milhões de dólares em menos de uma hora, ilustrando o grau de instabilidade e a elevada sensibilidade a movimentos técnicos.
Volatilidade elevada e enviesamento negativo
O Bitcoin, actualmente negociado em torno de 85 mil dólares, acumula uma queda de cerca de 30% desde o máximo histórico acima dos 126 mil dólares atingido em Outubro. A volatilidade implícita a 30 dias regressou a níveis próximos de 45%, enquanto o skew negativo — indicador que mede a assimetria entre protecção contra quedas e apostas em subidas — permanece em torno de -5%.
Este posicionamento sugere que os investidores continuam a privilegiar protecção contra desvalorizações adicionais, reflectindo expectativas de continuação da pressão vendedora ao longo do primeiro semestre de 2026.
Níveis técnicos e “efeito magneto”
A distribuição das posições revela um contraste claro entre expectativas. As opções de compra concentram-se em níveis mais elevados, entre 100 mil e 120 mil dólares, sinalizando alguma esperança de recuperação técnica. Contudo, o mercado de opções de venda domina o curto prazo, com destaque para o nível dos 85 mil dólares, onde se acumulam cerca de 1,4 mil milhões de dólares em posições abertas.
Este nível funciona como um potencial “magneto” de preços até à data de expiração, reforçando o risco de movimentos descendentes adicionais.
Catalisadores externos e riscos adicionais
Para além da expiração das opções, o mercado antecipa novos factores de pressão em Janeiro, incluindo uma decisão da MSCI que poderá excluir empresas com mais de 50% dos seus activos em criptoactivos dos seus índices. Este cenário poderá desencadear fluxos adicionais de venda e reforçar estratégias defensivas, como a venda sistemática de opções de compra.
O sentimento permanece frágil. O Bitcoin caminha para o seu pior trimestre desde 2022, quando colapsos no sector expuseram vulnerabilidades profundas do ecossistema cripto.
Leitura estratégica e perspectivas
Do ponto de vista da racionalidade económica, o actual comportamento do Bitcoin reflecte um mercado fortemente financeirizado, onde derivados amplificam ciclos de euforia e correcção. A ausência de catalisadores macroeconómicos positivos claros, aliada à pressão técnica, sugere que a volatilidade deverá manter-se elevada no início de 2026.
O cenário mais provável aponta para um mercado defensivo, com episódios de recuperação limitada, mas sem uma inversão sustentada enquanto não houver estabilização do posicionamento e recuperação da confiança. Para investidores e empresas expostas ao universo cripto, o momento exige prudência, gestão activa de risco e uma leitura clara dos mecanismos financeiros que hoje dominam a formação de preços.
Fonte: O Económico






