Resumo
A quadra festiva impulsiona o turismo em Moçambique, prevendo-se receitas de dois mil milhões de meticais. Com elevada ocupação hoteleira, aumento da mobilidade interna e regional, e coordenação institucional, o país espera receber cerca de 318 mil turistas. A taxa média de ocupação de camas e quartos é de 79%, com maior pressão no corredor sul, nomeadamente em Maputo, Gaza e Inhambane. No entanto, há fluxos turísticos significativos noutras regiões como Tete, Manica, Nampula, Cabo Delgado e Niassa, promovendo uma distribuição geográfica mais equilibrada. As autoridades apelam a um bom atendimento, segurança e sustentabilidade económica por parte dos operadores para maximizar o impacto positivo do turismo nesta época festiva.
Turismo Como Âncora de Liquidez Sazonal
O País espera arrecadar cerca de dois mil milhões de meticais durante a quadra festiva, impulsionado pelo aumento do fluxo turístico e pelos gastos realizados por visitantes nacionais e estrangeiros que escolheram Moçambique como destino neste período.
A projecção foi avançada pela porta-voz do Ministério da Economia, Claire Zimba, no âmbito das acções conduzidas pelo grupo multissectorial da quadra festiva, que integra, entre outras entidades, a Confederação das Associações Económicas, a Inspecção Nacional das Actividades Económicas, as Alfândegas e o Serviço Nacional de Migração.
Segundo a responsável, estima-se a entrada no País de cerca de 318 mil turistas, num período em que o Executivo tem vindo a exortar os operadores e demais intervenientes a assegurarem bom atendimento, segurança, participação activa e sustentabilidade económica, de modo a maximizar o impacto positivo desta época sobre a economia nacional.
Pressão Máxima no Corredor Sul, Mas Fluxos Alargados ao País
Para responder ao aumento da procura, foram mobilizadas 72.531 camas e 49.842 quartos em todo o território nacional, com a taxa média de ocupação a situar-se em 79%. A maior pressão verifica-se no corredor sul, com particular incidência nas províncias de Maputo, Gaza e Inhambane, onde os níveis de ocupação se aproximam dos 100%.
Ainda assim, as autoridades reconhecem fluxos turísticos significativos para outras regiões do País, incluindo Tete, Manica, Nampula, Cabo Delgado e Niassa, sinalizando uma distribuição geográfica mais equilibrada da procura turística e maior integração das economias regionais neste ciclo sazonal.
Resiliência do Sector em Contexto Económico Adverso
Apesar dos efeitos económicos recessivos agravados pelos impactos recentes das manifestações, o Governo reconhece o esforço empreendedor e a resiliência dos operadores turísticos, perspectivando uma época favorável para o sector.
Esta leitura reforça o entendimento do turismo como um sector com elevada capacidade de adaptação, desempenhando um papel relevante na absorção de choques conjunturais e na manutenção de níveis mínimos de actividade económica, emprego e circulação monetária.
Responsabilidade Institucional Como Factor de Competitividade
Por seu turno, Esnarda Hussene, presidente do Pelouro do Turismo, Hotelaria e Restauração da Confederação das Associações Económicas, sublinhou que o funcionamento do grupo multissectorial constitui um sinal claro de vigilância e acção colectiva, orientado para promover a fluidez do comércio, a circulação de pessoas e a mobilidade de bens durante a quadra festiva.
Hussene alertou, contudo, que o aumento da circulação de pessoas entre meados de Dezembro e Janeiro representa simultaneamente uma oportunidade económica e um teste à maturidade institucional do País, apelando à responsabilidade social colectiva e advertindo contra práticas como abordagens agressivas, abusos de poder e cobranças indevidas aos turistas, consideradas ilegais e economicamente destrutivas.
Turismo: O Instrumento de Estabilização de Curto Prazo
Num contexto de restrições fiscais, pressões cambiais e desafios sociais persistentes, a quadra festiva surge como um momento crítico de injecção de liquidez na economia, com impactos directos sobre o comércio, os transportes, a hotelaria, a restauração e os serviços associados.
A consolidação do turismo como pilar estrutural do crescimento económico dependerá, contudo, não apenas da atractividade do destino, mas da qualidade do ambiente institucional, da previsibilidade regulatória e da capacidade do Estado e do sector privado em proteger a reputação do País como destino seguro, competitivo e sustentável.
Fonte: O Económico






