Resumo
O uso da genómica em estudos clínicos tem crescido rapidamente, com mais de 6,5 mil pesquisas registadas globalmente desde 2010. A Organização Mundial da Saúde destaca avanços tecnológicos, redução de custos e ampliação das aplicações clínicas como impulsionadores desse crescimento. A pesquisa em genómica concentra-se principalmente em países de alta renda, com menos de 5% dos estudos a ocorrer em países de baixa e média rendas. Câncer e doenças raras são os principais focos, com lacunas significativas em estudos com crianças, idosos e doenças transmissíveis. A OMS salienta a necessidade de uma pesquisa genómica mais inclusiva e sensível aos contextos locais, apoiando esforços para refletir a diversidade global e as necessidades de saúde pública.
Uma análise publicada pela Organização Mundial da Saúde, OMS, indica que esse aumento tem a ver com avanços nas tecnologias de sequenciamento, redução de custos e ampliação das aplicações clínicas desta técnica.
Concentração da pesquisa em poucos países e doenças
A genômica é um ramo da genética que estuda o genoma completo de um organismo incluindo sequenciamento e análise.
Câncer e doenças raras dominam o cenário da pesquisa, refletindo a forte integração da genômica nesses campos. No entanto, o levantamento da OMS evidencia um desequilíbrio quando se observa onde e para quem essas pesquisas são realizadas.
Mais de 80% dos estudos clínicos genômicos ocorrem em países de alta renda, enquanto menos de 5% ocorrem em países de baixa e média rendas. Em muitos casos, essas nações participam apenas como locais secundários de estudo, limitados pela escassez de capacidade de sequenciamento e de infraestrutura de pesquisa.
Lacunas e preocupação
A OMS ressalta que foram identificadas lacunas demográficas significativas. Mais de 75% dos estudos incluem adultos entre 18 e 64 anos, enquanto apenas 4,6% se concentram especificamente em crianças e somente 3,3% em pessoas idosas.
As doenças transmissíveis, que ainda são uma grande preocupação de saúde pública em muitas regiões, estão subrepresentadas, respondendo por apenas 3% de todos os estudos clínicos genômicos.
O relatório destaca a necessidade de uma pesquisa genômica mais inclusiva, geograficamente diversa e sensível aos contextos locais.
A diretora do Departamento de Ciência para a Saúde da OMS, Meg Doherty, afirmou que a agência apoiará esforços para garantir que a pesquisa genômica “reflita a diversidade das populações globais e as necessidades de saúde pública”.
Investimento, crianças e idosos
Ela declarou que se as disparidades refletidas no relatório não forem enfrentadas de forma estratégica, “podem reforçar desigualdades existentes e limitar os benefícios da ciência genômica para as populações que mais poderiam se beneficiar”.
A OMS propõe ações como aumento do investimento em infraestrutura genômica e capacidade de pesquisa em regiões subrepresentadas e maior inclusão de crianças, idosos e outros grupos excluídos dos estudos clínicos.
A análise levou em conta o uso da genômica humana na pesquisa clínica, abrangendo mais de três décadas de estudos registrados entre 1990 e 2024, oferecendo o panorama mais abrangente já realizado sobre a aplicação dessa tecnologia.
Fonte: ONU






