Na Cidade de Maputo, várias famílias celebraram o Natal em convívio, em casa, e vários cidadãos passaram o dia a trabalhar. “O País” traz histórias de profissionais que há anos dedicam esforços em benefício do próximo, mesmo no Dia da Família.
Receber quem chega ao mundo pela primeira vez foi o que Maria Mabasso escolheu e jurou fazê-lo para toda a vida. Assim o faz há oito anos e, neste 25 de Dezembro, não foi diferente. “Sou enfermeira já há oito anos. Meu trabalho consiste em trazer novas vidas ao mundo. Foi o que nós juramos desde a formação, graduação, até agora”, afirma.
É Natal, mas a profissão a obriga que passe o dia no local de trabalho. Longe da confraternização, Maria Mabasso passa repetidamente pelos corredores do Hospital Geral José Macamo, circula pela sala de parto e noutros sectores da maternidade. A sua missão é salvar vidas e essa tem sido a sua prioridade nos últimos oito anos.
“É mais agradável trazer uma criança ao mundo, pois uma mulher fica nove meses à espera de um bebé. Aquele bebé não é só esperado pela mãe, é esperado pela mãe, pelo pai, pelos avós, pelos vizinhos. Nós como enfermeiras, quando recebemos o bebé, entregamos à mãe, é uma satisfação que não tem como mensurar”.
A enfermeira não passou o Natal ao lado da sua família de sangue, mas ao lado daqui a sua profissão a deu, que cresce a cada dia que um novo paciente cruza o seu caminho.
“De momento que tu pões a bata branca, tu já sabes que o familiar não é só o grau parentesco, não é só o grau sanguíneo. É aquele que tu lhe acolhes, já é teu familiar.” Cuidar da saúde do próximo e salvar vidas foi o que também escolheu Elísio Chauque, médico há 17 anos. Mesmo passando o dia longe da família, o Natal carrega, para si, um significado forte.
“Para mim, estar aqui significa vitória. É exercer aquilo que eu gosto de fazer, aquilo que eu aprendi, aquilo que eu sei fazer com gosto. Primeiro é salvar as vidas, depois daqui é a família. Se nós não nos fazermos presentes aqui, muita gente pode perecer, e nós vamos carregar o sentimento de culpa.”
Fazer bem ao próximo é o que o move. Por isso, faz questão de trabalhar na quadra festiva no Natal e no fim do ano, período em que a procura por cuidados de saúde aumenta. Olhar atento, enquanto vigia todos os lados, para garantir que o local está seguro. Mulher, mãe e esposa, Helena esforça-se, muitas vezes durante a noite, em benefício da segurança do local onde trabalha.
“Eu gosto muito do meu trabalho, eu estou na segurança há mais de seis anos. Esse não é o primeiro ano a trabalhar nos dias de festa, de família. É só agradecer a Deus e não parar de trabalhar. Trabalhar dignifica o homem, o trabalho dignifica o homem. Para a família estar em pé, graças ao trabalho”. Ser agente de segurança é um trabalho não tão fácil, mas Helena o faz por amor à família, mesmo que tenha que abrir mão da confraternização do dia 25 de Dezembro.
Nas ruas ou nos mercados estiveram os vendedores de produtos alimentares, que dependem de receitas diárias para sobreviver. E porque a ocasião era também para fortalecer os laços de amor pelo próximo, Gina Josefa passou o dia na sua banca, no mercado Malanga, à busca de sustento para a sua família.
Regressar à casa, só depois de garantir uma refeição digna, para o Dia da Família, essa foi a meta estabelecida pela mulher. “Eu gostaria que eu estivesse em casa, mas não consegui, porque as pessoas, como ainda não receberam, não estão adquirindo as compras como deve ser. Estamos aqui a busca do pão. É um dia muito especial, mas ainda não consegui nada. Vou estar em casa com a minha família. Ao sair daqui, é que vou estar em casa com a minha família.”
São vários os profissionais que passaram o Natal e Dia da Família longe dos seus familiares e amigos. Deles fazem parte jornalistas, policiais, bombeiros, transportadores e outros.