Chiquinho Conde orgulhoso por levar os Mambas à primeira vitória num CAN

O seleccionador nacional de futebol, Chiquinho Conde, mostrou-se orgulhoso pela conquista da primeira vitória dos Mambas numa fase final do Campeonato Africano das Nações - CAN. Conde diz que o trabalho ainda não está concluído e agora os Mambas vão continuar a trabalhar focados no jogo da última jornada da fase de grupos diante dos Camarões.

 

Por Alfredo Júnior, em Agadir

 

Naturalmente satisfeitos e a distribuir sorrisos de orelha a orelha, foi como Chiquinho Conde se apresentou na Conferência de Imprensa depois de orientar a selecção de Moçambique à sua primeira e histórica vitória num CAN. Conde, que dias antes havia frisado o objectivo de querer fazer história na prova, tratou de lembrar que esteve ligado a muitas outras primeiras vezes do futebol moçambicano, dentro e fora das quatro linhas, sem contudo deixar de elogiar os jogadores e a estrutura pelo trabalho realizado.

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“Este grupo merece, só nós passamos por tantas dificuldades, tantas adversidades, chegar hoje aqui, conquistar algo grandioso, onde as pessoas jamais esperadvam, acho que nem o mais optimista dos adeptos esperaria que nós ganhássemos hoje e com a classe, com a disponibilidade de todos os jogadores inteligentes, que estiveram em campo. Sou o homem mais feliz, mais uma vez, os meus pais e a minha família podem estar orgulhosos desse filho, todos, mas quase todos, lançando pedras, lagartos, nunca acreditavam num Moçambique que alguma vez fosse ganhar um jogo. Hoje, mais uma vez, a minha estrela brilhou. Eu fui o primeiro moçambicano, depois da independência, a ir jogar para o futebol português, com a autorização do governo, fui o primeiro jogador moçambicano a estar numa selecção de África, fui o primeiro jogador moçambicano a estar presente como jogador em três CAN’s, fui o primeiro atleta ou como jogador reconhecido pela Universidade de Púnguè como Doutor Honoris Causa, hoje tenho o prazer de dizer, senhores, que sou o primeiro moçambicano a levar a seleção nacional, a sua primeira vitória.  Quem sabe, este seja o prenúncio da sequência de bons resultados que irão vir por aí. Espero sinceramente que todos os moçambicanos regozijem-se hoje de contentamento porque não conseguimos lhes dar a prenda de Natal que nós queríamos ter dado no dia 24, mas ainda estamos dentro da quadra Natalícia e esta é a prenda que todos os jogadores e todos os moçambicanos gostariam de ter”, disse Conde.

 

Conde não se esqueceu de elogiar a prestação dos seus jogadores considerando que “foram fantásticos, toda a estrutura e quero dar um grande abraço e agradecimento a todos os moçambicanos que fizeram força positiva para que nós conseguíssemos almejar este objectivo”.

 

O seleccionador Nacional disse que este é um marco histórico que não deve atrapalhar o restante da presença de Moçambique neste CAN, sendo que já começou a preparar o jogo do próximo dia 31 de Dezembro diante dos Camarões.  

 

“De facto, isto é um marco histórico e todos nós, todos nós envolvidos nisso, os que fizeram força positiva para nós estarmos aqui. As críticas construtivas, outras nem tão boas, também ajudaram-nos a superar, mas esta geração de facto que tem, agora começa a ter muito mais experiência. Nós no CAN passado não passámos para outra fase porque faltou-nos um pouco de experiência. Estávamos a ganhar até a parte final ao Egipto, 2 a 1, acabámos tendo um pênalti. Hoje a equipa podia muito bem marcar mais golos e sofrer menos.  Por isso, só podemos augurar muito futuro a este grupo e se há num futuro próximo, possamos também transferir mais jogadores para o estrangeiro, de modo a que consigam ganhar mais experiência. Porque, sem sombra de dúvidas, existem sectores ainda que nós temos que melhorar, temos muita coisa para melhorar, mas agora o mais importante é festejar. Vamos com calma, com os pés bem assentes no chão, com a nossa humildade, não ganhamos nada, só conseguimos a primeira de muitas vitórias agora, queremos ver o que é que está agora por detrás daquela parede. É o mais importante, vamos festejar agora, mas temos que ter o foco para o próximo aniversário.  É verdade, mas não temos como, nós temos que festejar. A cara de quem ganha não é a mesma de quem perde”, explicou Conde.

 

O timoneiro dos Mambas referiu que o feito alcançado é fruto da união do grupo, não se esquecendo de agradecer aos treinadores de onde são oriundos os jogadores que compõem a selecção, desde os do Moçambola aos do estrangeiro.

 

“Acho que isso também é fruto da união, fruto da união, a união de todos, inclusive a vossa também como jornalistas. Acho que na véspera do Natal tivemos aquele abraço amigo, eu acho que isso também abriu os nossos corações e deu força para que nós pudéssemos hoje conseguir essa vitória. Eu acho que quando nós vivemos numa atmosfera sã, todos nós fazemos força positiva para o objetivo traçado. Por isso é claro que é impossível eu pedir aos meus jogadores hoje para que não comemoremos, mas também sei perfeitamente que é uma responsabilidade muito grande de todos nós, porque agora deixámos de ser só os coitadinhos, aqueles que só participavam. Eu disse no início, nós não queremos só participar desta vez, e muitos duvidaram, pelo grupo que é Costa Marfim, campeã em título, o poderoso Camarões, Gabão também, e nós conseguimos infiltrar-nos neste grupo, e a partir daqui só nos resta continuar com humildade, trabalhar e acreditar no nosso processo, porque a nossa ideia está lá, vamos continuar a jogar com alegria, vamos querer jogar sem medo de errar, porque só assim é que nós podemos chegar lá. Por isso, esperem-nos no próximo jogo, dia 31, para poder dar mais essa alegria a todo o povo. Essa é a missão, porque nós sentimos que não há limites para essa equipa quando decidimos de facto conquistar o sucesso, e o desejo é algo de sucesso.  Essa equipa deseja muito, e quer continuar a dar, escrever bem grande, com letras bem garrafais na história do futebol  moçambicano e não posso cansar-me de agradecer a todos, a todos os treinadores, quer do nosso campeonato, quer do estrangeiro, onde tenho jogadores, se reparar, muitos jogadores que militam no futebol estrangeiro têm poucos minutos, e isso dificulta também muito o seu enquadramento, mas eles vêm aqui a jogar com alma, com alegria, com determinação, para o povo, e para este povo que nós temos que agradecer e clamar bem alto”, referiu o treinador. (LANCEMZ)