Resumo
A moeda da África do Sul está a ter a sua maior valorização em 16 anos, devido à fraqueza do dólar, estabilidade política e melhorias económicas. O rand valorizou 13% face ao dólar este ano, com investidores estrangeiros a adquirirem 72,4 mil milhões de rands em obrigações sul-africanas. A estabilidade política, com a coligação liderada por Cyril Ramaphosa, reduziu o risco percebido pelos mercados. A inflação mais baixa e a política monetária credível também contribuíram para o desempenho do rand. A África do Sul adotou uma meta de inflação de 3%, substituindo a banda anterior de 3% a 6%. Analistas afirmam que a estabilidade política e económica aumentou a confiança dos investidores em 2025.
Dólar Fraco E Fluxos Externos Favorecem Moedas Emergentes
O rand valorizou cerca de 13% face ao dólar ao longo do ano, num contexto em que a moeda norte-americana caminha para o seu pior desempenho anual em oito anos. Esta tendência global favoreceu várias moedas emergentes, mas o rand destacou-se pela magnitude e consistência da valorização.
De acordo com dados citados pela Bloomberg, investidores estrangeiros adquiriram um montante líquido de 72,4 mil milhões de rands em obrigações sul-africanas denominadas em moeda local, um valor significativamente superior às entradas registadas no ano anterior, reforçando a procura pela divisa.
Estabilidade Política Reduz Prémio De Risco
A manutenção da coligação governamental liderada pelo Presidente Cyril Ramaphosa tem sido apontada como um factor-chave para a redução do risco político percebido pelos mercados. Analistas destacam que a maior previsibilidade política contribuiu para aliviar pressões históricas sobre o rand, criando um ambiente mais favorável à entrada de capitais.
Segundo economistas citados no relatório, a estabilidade política ajudou a retirar parte do prémio de risco associado à moeda, reforçando a confiança dos investidores em 2025.
Inflação Mais Baixa E Política Monetária Credível
Outro elemento central para o desempenho do rand tem sido a evolução favorável da inflação e o reforço da credibilidade da política monetária. A África do Sul adoptou formalmente uma meta de inflação de 3%, substituindo a anterior banda de 3% a 6%, uma mudança há muito defendida pelo governador do banco central, Lesetja Kganyago.
Esta alteração contribuiu para uma forte procura por dívida pública, levando as taxas das obrigações a 10 anos para os níveis mais baixos desde 2017, num sinal claro de confiança dos mercados na trajectória macroeconómica do país.
Infra-estruturas E Energia Mantêm-se Sob Observação
Apesar do optimismo, os investidores continuam atentos aos progressos nas reformas estruturais, em particular nos sectores da energia e da logística. A melhoria no desempenho da empresa pública Eskom, que conseguiu evitar cortes generalizados de electricidade durante grande parte de 2025, foi interpretada como um sinal positivo.
No sector logístico, a assinatura de um acordo para expandir o principal terminal de contentores no porto de Durban, envolvendo a Transnet e parceiros privados internacionais, reforçou as expectativas de ganhos de eficiência num dos principais estrangulamentos da economia sul-africana.
Rand Entra Em 2026 Com Base Mais Sólida
A combinação de menor volatilidade cambial — actualmente nos níveis mais baixos desde 2001 —, melhoria institucional e expectativas de cortes adicionais das taxas de juro nos Estados Unidos cria um enquadramento favorável para o rand no curto e médio prazo.
Para a região da África Austral, este desempenho da maior economia regional tem implicações relevantes, influenciando fluxos de capitais, comércio intra-regional e o sentimento dos investidores em relação aos mercados do sul do continente.
Fonte: O Económico






