27.1 C
New York
Tuesday, December 30, 2025
InícioDesportoMoçambique Em 2025: Trajectória Económica, Indicadores-Chave E Os Desafios Que Moldam 2026

Moçambique Em 2025: Trajectória Económica, Indicadores-Chave E Os Desafios Que Moldam 2026

Resumo

Em 2025, Moçambique teve um crescimento económico moderado, enfrentando constrangimentos estruturais que limitaram o desempenho do setor produtivo. O crescimento do PIB situou-se entre 2% e 3%, abaixo do potencial da economia e das necessidades sociais. Os setores de energia, serviços e infraestruturas impulsionaram a economia, enquanto a indústria e o comércio foram afetados pelo custo do crédito e pela fraca procura. O PIB nominal foi de cerca de USD 24-25 mil milhões, vulnerável a choques internos e externos. A inflação desacelerou para 4% a 5%, devido a uma política monetária restritiva. O Banco de Moçambique focou-se em controlar a inflação, mas as altas taxas de juro afetaram o investimento privado e o acesso ao crédito, especialmente para as PME. O metical mostrou alguma estabilidade, mas as reservas cambiais permaneceram frágeis.

O ano de 2025 encerra-se como um período de crescimento económico moderado, resiliência sob pressão e ajustamento macroeconómico para Moçambique. A trajectória da economia nacional foi marcada por sinais mistos: alguma estabilização nominal em variáveis-chave, mas com persistência de constrangimentos estruturais que continuam a condicionar o desempenho do tecido produtivo e empresarial.

Uma economia a crescer abaixo do potencial

Em termos agregados, as estimativas mais recentes apontam para um crescimento real do PIB em torno de 2% a 3% em 2025, inferior ao potencial da economia e abaixo das necessidades impostas pelo crescimento demográfico e pelas exigências sociais. O desempenho foi sustentado sobretudo pelos sectores da energia, serviços e infra-estruturas, enquanto a indústria transformadora e o comércio interno sentiram mais fortemente os efeitos do custo do crédito, da pressão cambial e da procura ainda frágil.

O valor nominal do PIB situou-se em torno de USD 24–25 mil milhões, reflectindo um crescimento económico que, embora positivo, permaneceu vulnerável a choques externos e internos, nomeadamente a volatilidade dos mercados internacionais, o custo da dívida e a dependência de importações.

Inflação em desaceleração, mas com riscos latentes

Um dos desenvolvimentos mais relevantes de 2025 foi a desaceleração gradual da inflação, que se aproximou de níveis compatíveis com a estabilidade de preços. A taxa de inflação anual situou-se em torno de 4% a 5% no último trimestre do ano, beneficiando de uma política monetária restritiva e de alguma normalização nos preços dos alimentos e combustíveis.

A actuação do Banco de Moçambique manteve-se focada na ancoragem das expectativas inflacionistas, ainda que à custa de taxas de juro elevadas, com impactos directos no investimento privado e no acesso ao crédito, sobretudo para as PME’s.

Câmbio e reservas: estabilidade frágil

O metical apresentou uma trajectória relativamente mais estável no final do ano, com a taxa de câmbio a oscilar em torno de 63–65 MZN por dólar, após períodos de maior volatilidade. Esta estabilização foi apoiada por uma gestão prudente da liquidez e pelo nível das reservas internacionais, estimadas em cerca de USD 3,9 a 4,0 mil milhões, correspondendo a vários meses de cobertura de importações.

Ainda assim, o mercado cambial continuou a revelar pressões estruturais, associadas à elevada procura de divisas, à factura de importações e à lenta recuperação das exportações fora dos grandes projectos.

Crédito caro e investimento contido

O sector financeiro encerra 2025 num ambiente de prudência acrescida. As taxas de juro activas mantiveram-se em níveis elevados, em torno de 15% a 17%, limitando o dinamismo do investimento privado. Os bancos privilegiaram a qualidade da carteira de crédito e a gestão do risco, num contexto em que a procura por financiamento permaneceu fraca e selectiva.

Apesar disso, indicadores de confiança empresarial, como o PMI, sinalizaram uma ligeira recuperação da actividade do sector privado no final do ano, sugerindo que o ponto mais baixo do ciclo poderá ter ficado para trás, ainda que sem uma retoma robusta.

Principais eventos económicos de 2025

O ano ficou marcado por vários acontecimentos relevantes no plano económico, incluindo a continuidade das reformas macroeconómicas acordadas com parceiros internacionais, a gestão cautelosa da dívida pública, a preparação de novos investimentos ligados ao gás natural e infra-estruturas, e o esforço de consolidação orçamental num contexto de restrições fiscais.

As projecções de instituições como o Fundo Monetário Internacional mantiveram uma leitura cautelosa sobre a economia moçambicana, sublinhando avanços na estabilização macroeconómica, mas alertando para a necessidade de acelerar reformas estruturais, diversificar a base produtiva e fortalecer as finanças públicas.

Perspectivas para 2026: entre expectativa e cautela

O ano de 2026 abre com expectativas moderadamente positivas, mas ainda envoltas em incerteza. As projecções apontam para um crescimento ligeiramente superior ao de 2025, sustentado pela retoma gradual da procura interna, por investimentos em energia e logística e por uma eventual flexibilização das condições financeiras, caso a inflação permaneça controlada.

Contudo, a trajectória futura dependerá da capacidade do País em enfrentar um conjunto de desafios económicos estruturais, entre os quais se destacam a escassez de divisas, o elevado custo do financiamento, a vulnerabilidade fiscal, a dependência de importações, a fraca industrialização e a necessidade de gerar emprego em escala compatível com o crescimento populacional.

Os desafios centrais da economia moçambicana

A leitura do ciclo económico de 2025 reforça a ideia de que Moçambique necessita de ir além da estabilização macroeconómica, avançando para uma agenda de crescimento inclusivo e sustentável. O reforço da base produtiva, a melhoria do ambiente de negócios, o aprofundamento do mercado financeiro, a valorização do conteúdo local e a transformação estrutural da economia permanecem como imperativos centrais.

Em síntese, 2025 foi um ano de contenção e ajustamento, enquanto 2026 se perfila como um ano de decisão estratégica, no qual a política económica terá de conciliar estabilidade, crescimento e inclusão para colocar o País numa trajectória de desenvolvimento mais robusta e resiliente.

Fonte: O Económico

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu nome aqui
Por favor digite seu comentário!

- Advertisment -spot_img

Últimas Postagens

ANTONINHO MUCHANGA POR MAIS UMA TEMPORADA NO FER. LICHINGA

0
Antoninho Muchanga renovou contrato por mais uma época como treinador do Ferroviário de Lichinga. O diretor desportivo, Patrício Silvestre, confirmou a...
- Advertisment -spot_img