Por: Virgílio Timana
A divulgação, por parte da FIFA, do cartaz que reúne as figuras mais emblemáticas das seleções já apuradas directamente para o Mundial de 2026 gerou uma onda de reacções imediatas. A escolha de Bruno Fernandes como representante da equipa portuguesa, deixando de fora o rosto de Cristiano Ronaldo, tornou-se rapidamente o ponto central de discussão entre adeptos, comentadores e utilizadores das redes sociais. A situação ganha ainda mais relevo por surgir na sequência de um episódio semelhante envolvendo a UEFA, durante a divulgação dos antigos vencedores da Bola de Ouro, onde, novamente, Ronaldo não recebeu destaque visual.
Por um lado, é inegável que Cristiano Ronaldo permanece uma das figuras mais influentes e reconhecidas do futebol mundial. A sua carreira, repleta de recordes e conquistas, justifica naturalmente a expectativa de que seja incluído em iniciativas deste género.
Por outro lado, a escolha da FIFA pode refletir uma tendência para privilegiar jogadores que representam a atualidade competitiva sobre o legado histórico. Bruno Fernandes é hoje uma peça fundamental da seleção portuguesa: titular indiscutível, influente no jogo e um dos principais nomes da equipa nas fases de qualificação. A FIFA pode ter entendido que destacar a “estrela do momento”, em vez da “lenda de sempre”, seria uma forma de sinalizar renovação e contemporaneidade.
Mas, para muitos adeptos, cada omissão funciona quase como um sinal de distanciamento institucional em relação ao jogador, alimentando debates sobre a forma como as entidades do futebol tratam figuras históricas quando atravessam a fase final das suas carreiras. No entanto, há quem sublinhe que estas escolhas não devem ser interpretadas como desvalorização, mas sim como parte de um processo natural de transição, algo vivido no passado com outras lendas do futebol mundial.
Independentemente da interpretação, o episódio evidencia a influência cultural de Cristiano Ronaldo. A polémica só existe porque o seu nome transcende o campo desportivo e permanece central em qualquer discussão sobre identidade, representação e memória do futebol português. A reação massiva revela a força do símbolo CR7, cuja relevância continua a desafiar o passar do tempo.
No fim das contas, a opção da FIFA abre espaço para uma reflexão mais ampla: até que ponto o futebol contemporâneo privilegia o presente em detrimento da história? A escolha de Bruno Fernandes pode ser vista como reconhecimento justo ao talento e à importância atual do jogador, mas também como um lembrete de que até as maiores lendas acabam eventualmente por ceder lugar às gerações seguintes. Ainda assim, o debate deverá continuar e Cristiano Ronaldo permanece no centro das atenções, mesmo quando não aparece no cartaz.






