A ambição da Namíbia em consolidar-se como produtora de petróleo em águas profundas sofreu um revés com a revisão em baixa das descobertas de petróleo no Orange Basin pela Shell. Apesar deste contratempo, especialistas da Wood Mackenzie sugerem que este não será necessariamente o fim da exploração na bacia. A intensa campanha de exploração da Shell enfrentou condições geológicas complexas, tornando difícil a viabilidade comercial.
Campanha de Exploração da Shell: Resultados Mistos no Orange Basin
A Shell, operando sob a licença PEL39, com uma participação de 45%, juntamente com a QatarEnergy (45%) e a empresa petrolífera estatal da Namíbia Namcor (10%), perfurou nove poços na bacia do Orange. Estes incluíram seis poços de exploração e três poços de avaliação, visando três formações geológicas distintas.
O complexo Graff produziu resultados promissores, com três poços de exploração bem-sucedidos em reservatórios profundos do período Cretáceo. De forma semelhante, nas áreas Jonker e Enigma, foram descobertos hidrocarbonetos em níveis estratigráficos do Albiano, com poços de avaliação adicionais a confirmarem a presença de petróleo leve. Contudo, nem todos os esforços foram bem-sucedidos, como evidenciado pelo poço Cullinan-1X, que resultou seco.
Desafios nas Perspectivas Petrolíferas da Namíbia
Globalmente, as taxas de sucesso na exploração em bacias fronteiriças situam-se abaixo dos 40%, e a Namíbia não é excepção. Apesar do sucesso técnico na identificação de hidrocarbonetos, o caminho para a viabilidade comercial permanece desafiante. A complexidade dos reservatórios, a distribuição irregular e os riscos geológicos significativos têm sido grandes obstáculos para transformar estas descobertas em empreendimentos lucrativos.
Perspectivas Futuras: As Esperanças Petrolíferas da Namíbia Mantêm-se Vivas
Apesar dos resultados desapontantes da Shell, a Wood Mackenzie acredita que o Orange Basin continua a ser uma fronteira promissora para a produção de petróleo. A Shell poderá manter as suas licenças na África do Sul enquanto reavalia os blocos na Namíbia. Outros operadores, como a TotalEnergies e a Galp, reportaram sucessos significativos em áreas adjacentes, reforçando o optimismo quanto ao potencial da Namíbia para se tornar produtora de petróleo em águas profundas.
Os especialistas preveem que as aspirações da Namíbia em juntar-se aos países produtores de petróleo permanecem intactas, mesmo que o sucesso inicial possa vir de outros operadores em vez das áreas licenciadas à Shell.
Um Obstáculo no Caminho, mas Não o Fim
Embora a revisão em baixa pela Shell represente um contratempo, este destaca os riscos inerentes à exploração em fronteiras geológicas. O Orange Basin da Namíbia continua a ter potencial significativo, como demonstrado pelos sucessos de outros operadores. À medida que o país continua a atrair investimentos e a aperfeiçoar a compreensão da geologia da bacia, o seu caminho para se tornar um produtor de petróleo em águas profundas mantém-se no horizonte.
Fonte: O Económico