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Os mercados bolsistas globais recuaram expressivamente na sexta-feira, 13 de Junho de 2025, na sequência dos ataques militares de Israel ao Irão, reacendendo tensões geopolíticas no Médio Oriente e originando uma subida acentuada dos preços do petróleo e um movimento generalizado de aversão ao risco por parte dos investidores.
Escalada do Conflito e Reacção Imediata dos Mercados
Israel lançou ataques cirúrgicos a instalações nucleares iranianas, provocando a imediata resposta de Teerão, que disparou mísseis sobre Telavive e Jerusalém. Os confrontos marcaram o ressurgimento de um dos mais voláteis focos de tensão global, com impactos imediatos nas bolsas, nos mercados de energia e nas moedas.
Nos Estados Unidos, o Presidente Donald Trump apelou ao Irão para negociar o seu programa nuclear, mas advertiu que o tempo para evitar um conflito alargado era curto. A retaliação iraniana, ocorrida na mesma noite, acentuou os receios de uma guerra aberta.
Petróleo em Alta e Receios com Oferta Energética
Os receios de interrupções no fornecimento de petróleo levaram a um salto nos preços do crude. O Brent chegou a subir mais de 13% durante o dia, encerrando com uma valorização de 7%, aos 74,23 dólares por barril. O crude norte-americano fechou a 72,98 dólares, com uma subida de 7,62%. O gás natural norte-americano subiu 3% e os preços do gás europeu atingiram os níveis mais altos das últimas 10 semanas.
Bolsas em Queda e Investidores em Busca de Refúgio
A tensão geopolítica gerou uma reacção de pânico nos mercados bolsistas. O índice Dow Jones caiu 1,8%, o S&P 500 recuou 1,1% e o Nasdaq desvalorizou 1,3%. Na Europa, o Stoxx 600 caiu 0,9% e as bolsas asiáticas – Japão, Coreia do Sul e Hong Kong – também registaram perdas superiores a 1%.
O ouro, tradicional activo de segurança, valorizou 1,4%, aproximando-se do recorde de Abril, atingindo os 3.431 dólares por onça.
Impactos nos Mercados Cambiais e de Dívida Pública
A procura por activos seguros levou à valorização do dólar, com o índice do dólar a recuperar 0,5%, para 98,16 pontos. O franco suíço tocou temporariamente o seu valor mais alto desde Abril, enquanto o iene japonês, após ganhos iniciais, recuou 0,34% face ao dólar. O euro cedeu 0,3%, fixando-se em 1,15 dólares.
Nos mercados obrigacionistas, os rendimentos das obrigações do Tesouro norte-americano a 10 anos subiram 5,6 pontos base, para 4,413%, reflectindo o dilema entre expectativas inflacionistas devido à alta do petróleo e a tradicional busca por segurança.
Perspectivas e Reflexões dos Analistas
Para Sameer Samana, do Wells Fargo Investment Institute, o conflito no Médio Oriente deverá “aumentar o stress geopolítico e empurrar os preços do petróleo para patamares mais elevados”. Ainda assim, considera que poderá representar uma oportunidade de compra para investidores de longo prazo, nomeadamente em acções de grande capitalização nos EUA e em matérias-primas.
Já James Rossiter, do TD Securities, salientou que esta é uma situação típica de “fuga para a segurança”, mas com implicações contraditórias no mercado obrigacionista: enquanto os preços do petróleo pressionam expectativas inflacionistas e poderão justificar uma política monetária mais dura pela Fed, a tensão geopolítica empurra os investidores para obrigações do Tesouro, comprimindo os juros.
Fonte: O Económico