Resumo
Um estudo apoiado pela OMS revela que o aumento do consumo de álcool, mesmo moderado, está ligado a um maior risco de sete tipos de câncer, sendo responsável por cerca de 4% de todos os novos casos de câncer anualmente. O consumo de álcool foi associado a 741 mil novos casos de câncer em 2020, com homens representando 78% desses casos. Dobrar os impostos sobre o álcool poderia ter evitado 6% dos novos casos de câncer e mortes relacionadas ao álcool na Europa em 2019. As mortes por câncer relacionadas ao álcool custaram cerca de € 4,6 biliões em perda de produtividade na Europa em 2018. O consumo excessivo de álcool é um problema de saúde pública, com impacto significativo no aumento do risco de câncer.
O levantamento da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, Iarc, foi divulgado na quarta-feira, observando que “o álcool é uma causa importante e evitável” da doença.
Consumo causa mais de 200 doenças
De acordo com o centro sediado em Lyon, que faz parte da OMS, o consumo de álcool é responsável por aproximadamente 4% de todos os novos casos de câncer no mundo a cada ano. Mesmo a ingestão moderada aumenta o risco de câncer.
A cientista da Divisão de Vigilância do Câncer da Iarc, Harriet Rumgay, afirma que “reduzir o consumo de álcool diminui o risco de câncer. Nenhuma quantidade de álcool é completamente segura.”
Rumgay explica que o consumo de álcool causa mais de 200 doenças e lesões, incluindo câncer. A ingestão é um grande problema de saúde pública, em parte devido ao seu papel bem estabelecido no aumento do risco de câncer. Em 1988, o Programa de Monografias da Iarc classificou as bebidas alcoólicas como cancerígenas para humanos.

Homens são 78%
Em 2020, o consumo de álcool foi associado a 741 mil novos casos de câncer em todo o mundo. Os homens foram responsáveis por 78% dessa carga de doenças.
Os tipos de câncer mais associados ao consumo de álcool foram câncer de esôfago (190.000 casos), câncer de fígado (155.000 casos) e câncer de mama feminino (98.000 casos).
No entanto, apesar das crescentes preocupações com a saúde pública, o consumo de álcool segue subindo em diversas regiões do mundo, incluindo as Américas, o Pacífico Ocidental, a África Subsaariana e o Sudeste Asiático.
Dobras impostos
Um estudo de modelagem recente conduzido em colaboração com cientistas do Iarc mostrou que dobrar os impostos sobre o álcool poderia ter evitado 6% dos novos casos de câncer e mortes relacionadas ao álcool na Europa em 2019.
Os maiores benefícios potenciais foram observados para o câncer de mama em mulheres e o câncer colorretal.
A cientista da Divisão de Classificação de Dados da Iarc, Daniela Mariosa, afirma que “políticas de álcool que aumentam impostos ou preços, reduzem a disponibilidade ou restringem a comercialização são eficazes na redução do consumo de álcool”.
O consumo é atualmente mais alto na Europa, onde a conscientização permanece baixa: menos da metade das pessoas sabe que o álcool pode causar câncer.

Consumo excessivo
As proporções de casos de câncer atribuíveis ao álcool foram maiores entre os homens em regiões como o Leste Asiático (9%) e a Europa Central e Oriental (8%), e entre as mulheres na Europa Central e Oriental (3%), Austrália e Nova Zelândia (3%) e Europa Ocidental (3%).
Em termos de níveis de consumo de álcool, o consumo “de risco” (2 a 6 doses por dia) e o consumo “excessivo” (> 6 doses por dia) foram responsáveis pela maioria dos casos, mas mesmo o consumo “moderado” (< 2 doses por dia) causou mais de 100.000 novos casos de câncer em todo o mundo em 2020.
Em termos econômicos, as mortes por câncer relacionadas ao álcool custaram aproximadamente € 4,6 bilhões em perda de produtividade na Europa (União Europeia mais Islândia, Noruega, Suíça e Reino Unido) em 2018.
Fonte: ONU