O dólar atingiu hoje, 13 de Janeiro de 2025, o seu maior nível em mais de dois anos, refletindo um fortalecimento inesperado da economia dos Estados Unidos e reduzindo as expectativas de novos cortes nas taxas de juro pela Reserva Federal (Fed) este ano. A moeda americana registou um pico de 109,98 no índice do dólar, pressionando várias moedas globais a mínimos históricos.
Impacto nos mercados cambiais
A força do dólar foi amplificada por dados de emprego surpreendentemente robustos divulgados na semana passada. A taxa de desemprego nos EUA caiu para 4,1% em dezembro, enquanto o crescimento do emprego superou as expectativas, fortalecendo a visão de que a maior economia do mundo permanece resiliente. Este cenário levou os mercados a reduzir as previsões de cortes na taxa de juros da Fed para apenas 27 pontos base em 2025, muito abaixo dos 50 pontos base esperados no início do ano.
Outras moedas sofreram com a valorização do dólar. O euro atingiu US$ 1,0275, o seu menor nível desde novembro de 2022, enquanto a libra esterlina caiu para US$ 1,2128, a menor cotação em 14 meses. Pressões domésticas no Reino Unido, incluindo o aumento dos custos de empréstimos e preocupações fiscais, contribuíram para a desvalorização.
Intervenções em mercados asiáticos
Na Ásia, o yuan chinês contrariou a tendência global e registou uma ligeira valorização, após o Banco Popular da China (PBOC) intensificar os esforços para defender a moeda. Pequim relaxou regras de empréstimos offshore e emitiu avisos verbais para estabilizar o yuan, que estava a ser negociado em torno de 7,3318 por dólar. O PBOC também suspendeu temporariamente compras de títulos do tesouro, aumentando os rendimentos e reforçando o apoio ao yuan.
Já o dólar australiano caiu para o nível mais baixo desde abril de 2020, sendo negociado a US$ 0,6131, enquanto o dólar da Nova Zelândia também enfraqueceu, reflectindo o impacto da força do dólar nos mercados regionais.
Perspectivas para a Política Monetária dos EUA
A resiliência do mercado de trabalho americano e os riscos de inflação associados aos planos de tarifas comerciais e cortes fiscais do Presidente Trump reforçaram as expectativas de uma pausa prolongada nos cortes da Fed. Analistas indicam que a combinação de uma política fiscal expansionista com um mercado de trabalho robusto pode aumentar os riscos inflacionários, limitando a flexibilidade do banco central para aliviar ainda mais as condições monetárias.
Nick Rees, chefe de pesquisa macroeconómica da Monex Europe, destacou que “o excepcionalismo económico dos EUA continua a ser um tema chave para 2025”. Ele observou que, embora o mercado de trabalho esteja a estabilizar, os riscos ascendentes de inflação podem prolongar a pausa na flexibilização monetária.
Implicações globais
A valorização do dólar tem repercussões significativas para economias emergentes, que enfrentam maiores custos de financiamento em moeda estrangeira. Além disso, o fortalecimento do dólar aumenta a pressão sobre os países que dependem de exportações para mercados como os EUA, ao tornar os seus produtos relativamente mais caros.
A evolução da política monetária da Fed, aliada às dinâmicas fiscais sob a administração Trump, continuará a ser um factor determinante para os mercados financeiros globais. Os próximos indicadores de inflação dos EUA, a serem divulgados ainda esta semana, desempenharão um papel crucial na definição das expectativas para 2025.
Fonte: O Económico