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Wednesday, September 24, 2025
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Ambulâncias fantasmas

Por: Gelva Aníbal

No país, a ausência de ambulâncias transforma situações de emergência em dramas diários. Entre o telefonema aflito e a chegada ao hospital, multiplica-se o improviso: boleias em viaturas particulares, estradas sem condições e pacientes que perdem a vida antes de receber cuidados.

Muitos moçambicanos não morrem apenas da doença que os afeta, mas da espera pela ambulância que nunca chega. A urgência que deveria ser resposta rápida transforma-se em desespero, improviso e, demasiadas vezes, numa corrida perdida contra o tempo.

Nas cidades, o trânsito caótico, a escassez de ambulâncias e a falta de coordenação entre unidades de saúde atrasam respostas que deveriam ser imediatas. No meio rural, as longas distâncias, as vias degradadas e as pontes intransitáveis transformam cada quilómetro num obstáculo, o “ouro” da urgência.

Quando existem, muitas ambulâncias aparentam estar sem função, faltam-lhes oxigénio, desfibrilhadores ou pessoal treinado em suporte básico de vida. Por vezes, mais do que veículos de socorro, limitam-se a transportar corpos em sofrimento, em vez de cuidarem dos mesmos.

Há, por isso, uma necessidade de fiscalizar estes serviços, porque vidas continuam a perder-se nas estradas. A princípio, pela falta de equipamentos de primeiros socorros, depois, pela degradação das vias, que impede uma deslocação célere e segura.

O Ministério da Saúde deveria planear, financiar e fiscalizar o serviço de emergência, definindo normas para a utilização das ambulâncias e garantindo formação contínua para socorristas. O Ministério dos Transportes e Comunicações, por seu lado, poderia implementar e regularizar um número único nacional de emergências médicas, reduzindo a confusão e encurtando o tempo de resposta.

O Estado tem o dever constitucional de assegurar o acesso efectivo à saúde, o que inclui garantir que o paciente chegue vivo ao serviço que o pode tratar. Melhorar estes serviços significaria parar de contabilizar mortes que poderiam ter sido vidas salvas.

Responsabilizar, não é apontar dedos no vazio, é definir padrões, atribuir financiamento, medir resultados e corrigir falhas, com nomes, prazos e consequências.

Chegar ao hospital não pode continuar a ser uma corrida contra a morte, deve ser, simplesmente, um direito garantido porque cada minuto perdido, é uma vida em riso.

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