Amélia Morais: um estádio de futebol construído em nome das mulheres

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«Deus quer, as mulheres sonham, a obra nasce…» Permitam-nos esta citação deliberadamente adulterada de Fernando Pessoa, numa adaptação livre da «Mensagem», para apresentar o novíssimo recinto do Sp. Braga, inaugurado esta terça-feira e que marca uma nova era no futebol feminino em Portugal.

Chama-se Amélia Morais, uma homenagem a «Melinha», saudosa adepta braguista, que por votação dos sócios acabou por batizar a obra, superando nomes mais ou menos genéricos.

Um estádio com nome de mulher e feito para as mulheres.

Nunca no nosso país havia sido construída de raiz uma infraestrutura de topo para servir o futebol feminino.

Após 10 milhões de euros de investimento e quase dois anos de obra – desde maio de 2023 –, o Sp. Braga apresentou a nova casa das «Guerreiras», que concluiu a terceira fase da impressionante Cidade Desportiva, que se estende por 24 hectares (36 mil metros quadrados de área bruta de construção) junto ao Estádio Municipal.

«Esta infraestrutura acrescenta ainda mais ambição e crescimento ao Sp. Braga. Em Portugal, não existe nenhum estádio como este», afirmou a guarda-redes internacional portuguesa Patrícia Morais, após a vitória (2-1) sobre a equipa do Paris Saint-Germain, ilustre convidada para o jogo de apresentação.

«Esta é a obra que sonhámos no início do século e que concretizámos na última década. É uma obra transformadora», salientou momentos antes o presidente do Sp. Braga, António Salvador na cerimónia de inauguração da obra que completa a terceira fase da Cidade Desportiva, que contou, entre outros, com a presença dos presidentes da Liga, Pedro Proença, da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, e do ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte.

«Depois do centro de formação do futebol jovem, em funcionamento desde 2017; e da inauguração da segunda fase, onde se encontra a arena das modalidades, em setembro de 2023; inauguramos agora a sede do nosso futebol feminino. Com isto, a Cidade Desportiva cumpre o propósito e missão: servir crianças e jovens, no futebol e nas modalidades, reforçando a sua universalidade e a sua expansão no feminino», salientou o presidente do Sp. Braga, que considera o recinto como a «cereja no topo do bolo» de um complexo com 10 campos de futebol, zona residencial, pavilhão desportivo, loja e uma série de outras valências, que no total representou um investimento de 60 milhões de euros do clube, após a doação dos terrenos por parte da autarquia.

O novo recinto foi concebido para ser a casa do futebol feminino, mas também será palco dos jogos em casa da equipa B masculina dos minhotos, que milita na Liga 3, e que também jogava até agora no velhinho Estádio 1.º de Maio.

O Estádio Amélia Morais, uma criação do arquiteto Pedro Guimarães levada a cabo pela construtora ABB, tem como ex-líbris uma bancada para 2 800 espectadores (com cadeiras vermelhas rebatíveis), totalmente coberta, com dois patamares, tribunas VIP e de imprensa, bares de apoio, além de uma sala de conferências com lugar para 30 jornalistas e vista para o relvado.

A vigilância é feita por 40 câmaras CCTV e torniquetes digitais garantem o controlo da lotação. O interior alberga balneários modernos, ginásio e sala de fisioterapia totalmente equipados. Já no terreno de jogo destaca-se o relvado híbrido de última geração – igual ao relvado do Estádio do Dragão –, iluminação (LED de 1400 LUX) que permite a realização de jogos em período noturno, um ecrã LED gigante (7m por 4m) e um sistema de som também de última geração, equivalente àquele instalado esta época na Pedreira [Estádio Municipal de Braga], não muito distante dali.

A visita a esta infraestrutura moderna, com tudo ainda a cheirar a novo, impressiona. Sobretudo na hora em que as bancadas se encheram para apoiar as «Guerreiras», que surpreenderam a cotada formação do PSG.

Terça-feira, em Braga, foi dia de festa. Pelo resultado, pela obra feita, mas acima de tudo pelo desígnio em si mesmo.

Mais do que um estádio, a nova pérola da Cidade Desportiva reveste-se do meritório pioneirismo de dar ao futebol feminino casa própria.

Fonte: Mais Futebol

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