Por: Alfredo Júnior
A Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique exige a substituição dos representantes do Governo nas negociações em curso. A alegação é de que a actual comissão não tem assegurado um diálogo transparente nem cumprido o papel de mediação com responsabilidade.
A exigência foi apresentada publicamente no início desta semana. Segundo Anselmo Muchave, presidente da APSUSM, os representantes governamentais não seguem protocolos formais. Em vez disso, usam grupos informais para comunicar decisões e não assinam documentos oficiais que garantam os compromissos assumidos.
A carta reivindicativa da classe foi submetida em 2023. Entre os pontos principais destacam-se o pagamento de horas extraordinárias, a aplicação de subsídios de turno, o reenquadramento salarial no quadro da Tabela Salarial Única, além da exigência de melhores condições de trabalho.
A associação denuncia a falta de medicamentos nas unidades hospitalares, a ausência de alimentação adequada para os internados e a escassez de equipamento básico. Acrescenta ainda que os profissionais continuam a trabalhar em ambientes sem condições e sem resposta por parte do Executivo.
Nos últimos meses registaram-se paralisações em várias províncias. Em alguns hospitais como o da Beira houve denúncias de óbitos atribuídos à falta de assistência médica durante os períodos de greve. A APSUSM afirma que a retomada das paralisações pode ocorrer caso o Governo não reformule a equipa que conduz o processo negocial.
O Ministério da Saúde ainda não se pronunciou oficialmente sobre a nova exigência da associação. A ausência de resposta tem aumentado a tensão entre as partes. A classe reafirma que a solução passa por negociações sérias, com representantes capazes de garantir compromissos reais e executáveis.
Numa altura em que o sistema nacional de saúde enfrenta desafios graves e contínuos, o silêncio das autoridades e a resistência em reformar a equipa negocial levantam dúvidas sobre o real compromisso do Governo com a melhoria do sector. A persistência da crise poderá custar caro ao país, especialmente aos mais vulneráveis, que dependem do serviço público para sobreviver.