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O Governo anunciou a mobilização de 1,1 mil milhões de dólares norte-americanos para iniciar a reabilitação da Estrada Nacional Número Um (EN1), a principal via rodoviária do país, numa extensão de 2.620 km. A meta é ambiciosa: recuperar uma espinha dorsal crucial para a mobilidade, integração territorial e actividade económica. Contudo, o financiamento total necessário é de 3,5 mil milhões USD, deixando ainda um défice significativo a cobrir.
Reabilitação Por Etapas: Avanços e Desafios
O Ministro dos Transportes e Logística, João Matlombe, revelou que, dos 3,5 mil milhões necessários para a reabilitação total da EN1, cerca de 1,1 mil milhões já estão assegurados. As obras iniciam com 508 km, abrangendo troços críticos nas zonas centro e norte, com particular destaque para o trecho Gorongosa-Caia (84 km), cujo concurso público já foi lançado e encontra-se na fase de avaliação.
Além disso, decorre o desenvolvimento dos projectos conceptuais para os troços Inchope-Gorongosa (70 km), Chimuara-Nicoadala (176 km) e Metoro-Pemba (94 km). A execução destas obras será feita de forma faseada, com financiamentos escalonados conforme o avanço dos trabalhos.
Impacto dos Desastres Climáticos e Pressão Orçamental
Apesar dos progressos, a degradação da EN1 foi acelerada por factores climáticos extremos. Ciclones como Idai, Kenneth, Gombe e, mais recentemente, Judy, obrigaram o Estado a despender centenas de milhões de dólares em reposições emergenciais. A redução do investimento rodoviário nos últimos anos é visível: o valor dos activos viários passou de 10,4 mil milhões USD em 2017 para 8,2 mil milhões USD em 2024, reduzindo a percentagem de estradas em estado “bom ou razoável” de 62% para 54%.
Além disso, a suspensão das receitas das portagens — no seguimento dos protestos de 2023 e 2024 — agravou a pressão sobre o orçamento rodoviário, obrigando o Governo a priorizar intervenções de emergência em detrimento de investimentos estruturais.
Plano Estratégico de 5 Anos: Transitabilidade Como Meta Intermédia
Face à escassez de recursos e atrasos no desembolso dos financiamentos externos, o Governo desenhou um plano estratégico para cinco anos (2025–2029), prevendo:
Esta abordagem visa assegurar transitabilidade mínima e segurança viária, enquanto se aguarda pelo financiamento pleno e sustentável para a totalidade da via.
Obras Visíveis e Compromissos Locais
Na província de Inhambane, está concluída a nova ponte sobre o Rio Save, com 1.000 metros de extensão. Já em Nicoadala (Zambézia), decorrem os trabalhos de reabilitação de 35 km do troço Namacurra-Nicoadala. Em Maputo, projectos específicos — como o Benfica-Zimpeto (7 km) e 3 de Fevereiro–Incoluane (17 km) — também beneficiam de financiamento externo (50 milhões USD).
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>A EN1 simboliza muito mais do que uma simples via rodoviária: é a espinha dorsal do território nacional, conectando províncias e dinamizando as cadeias logísticas, o comércio e os serviços. O compromisso do Governo com a sua reabilitação é claro, mas os desafios permanecem. O sucesso da empreitada dependerá da capacidade de mobilizar os recursos remanescentes, acelerar os desembolsos prometidos, e sobretudo garantir uma gestão técnica, transparente e resiliente ao clima e à pressão orçamental.
Fonte: O Económico