Resumo
A ONU alertou para o risco iminente de uma crise humanitária na Ucrânia, devido aos ataques russos a infraestruturas energéticas, que estão a deixar comunidades vulneráveis ao frio extremo e sem acesso a eletricidade ou água potável. O coordenador humanitário da ONU no país descreveu os ataques como um ato de terror que impacta diretamente a população civil, num conflito cada vez mais tecnológico, com drones responsáveis por um terço das mortes civis em 2025. A ONU denunciou também violações de direitos fundamentais nas áreas ucranianas ocupadas pela Rússia e alertou para a queda no financiamento destinado à resposta humanitária na região, sublinhando a urgência de um cessar-fogo e apoio internacional renovado para evitar um inverno extremamente difícil para milhões de civis.
Matthias Schmale, coordenador humanitário da ONU no país, afirmou que o impacto dos ataques está a ultrapassar a capacidade de recuperação, deixando comunidades inteiras vulneráveis ao frio extremo e sem acesso a eletricidade ou água potável.
Linha de frente
Segundo Schmale, o ataque em larga escala ocorrido na quinta-feira, com mais de 700 munições lançadas em diferentes regiões, foi um dos mais intensos desde o início da invasão em 2022.
As ofensivas atingiram infraestruturas energéticas essenciais, agravando o risco para civis que vivem em edifícios altos em cidades próximas à linha da frente, como Zaporizhzhia, Kharkiv e Dnipro.
O representante da ONU ressaltou que se estas populações ficarem dias sem eletricidade ou água segura em pleno inverno rigoroso, “não teremos recursos suficientes para responder a uma crise dentro da crise”.
Schmale classificou a destruição deliberada da capacidade energética como “um ato de terror que impacta diretamente a população civil”, destacando também o peso psicológico crescente da guerra, que já entrou no seu quarto ano.
A guerra dos drones
O representante da ONU descreveu o conflito como “cada vez mais tecnológico, uma guerra de drones”, explicando que esses dispositivos foram responsáveis por um terço das mortes civis registadas em 2025. O número total de vítimas civis aumentou 30% em relação ao ano anterior, incluindo uma menina de sete anos morta após um ataque na região central de Vinnytsia.
Já a Organização Mundial da Saúde, OMS, confirmou 364 ataques a instalações de saúde entre janeiro e outubro deste ano, incluindo um hospital infantil em Kherson que ficou gravemente danificado.
Schmale afirmou que “a segurança das crianças está a ser violada constantemente”, relatando um episódio particularmente marcante durante uma visita a uma creche em Kharkiv, atingida por três mísseis.
O representante da ONU descreveu a cena como a de um pai que deixa o filho na escola pela manhã e, poucas horas depois, é chamado para o buscar traumatizado após o jardim de infância ter sido atingido por mísseis.
Crise de financiamento
Schmale denunciou ainda as violações de direitos fundamentais nas áreas ucranianas sob ocupação russa, incluindo a imposição de registos forçados de cidadania russa, sob ameaça de deportação ou prisão.
Além da destruição no terreno, a ONU enfrenta uma queda significativa no financiamento destinado à resposta humanitária na Ucrânia.
Schmale lamentou que em 2022 foram recebidos US$ 4 bilhões, em 2023 US$ 2,6 bilhões, em 2024 US$ 2,2 bilhões, e este ano, até agora, US$ 1,1 bilhão.
Com o inverno a aproximar-se e os ataques a intensificarem-se, o alerta da ONU é claro: sem um cessar-fogo e sem apoio internacional renovado, milhões de civis poderão enfrentar um dos invernos mais difíceis desde o início da guerra.
Fonte: ONU






