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Saturday, November 1, 2025
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Ataques russos à infraestrutura energética da Ucrânia podem gerar “crise dentro da crise”

Resumo

A ONU alertou para o risco iminente de uma crise humanitária na Ucrânia, devido aos ataques russos a infraestruturas energéticas, que estão a deixar comunidades vulneráveis ao frio extremo e sem acesso a eletricidade ou água potável. O coordenador humanitário da ONU no país descreveu os ataques como um ato de terror que impacta diretamente a população civil, num conflito cada vez mais tecnológico, com drones responsáveis por um terço das mortes civis em 2025. A ONU denunciou também violações de direitos fundamentais nas áreas ucranianas ocupadas pela Rússia e alertou para a queda no financiamento destinado à resposta humanitária na região, sublinhando a urgência de um cessar-fogo e apoio internacional renovado para evitar um inverno extremamente difícil para milhões de civis.

A ONU alertou para o risco crescente de uma crise humanitária de grandes proporções na Ucrânia, à medida que os ataques russos a infraestruturas energéticas se intensificam em plena aproximação do inverno.

Matthias Schmale, coordenador humanitário da ONU no país, afirmou que o impacto dos ataques está a ultrapassar a capacidade de recuperação, deixando comunidades inteiras vulneráveis ao frio extremo e sem acesso a eletricidade ou água potável.

Linha de frente

Segundo Schmale, o ataque em larga escala ocorrido na quinta-feira, com mais de 700 munições lançadas em diferentes regiões, foi um dos mais intensos desde o início da invasão em 2022.

As ofensivas atingiram infraestruturas energéticas essenciais, agravando o risco para civis que vivem em edifícios altos em cidades próximas à linha da frente, como Zaporizhzhia, Kharkiv e Dnipro.

O representante da ONU ressaltou que se estas populações ficarem dias sem eletricidade ou água segura em pleno inverno rigoroso, “não teremos recursos suficientes para responder a uma crise dentro da crise”.

Schmale classificou a destruição deliberada da capacidade energética como “um ato de terror que impacta diretamente a população civil”, destacando também o peso psicológico crescente da guerra, que já entrou no seu quarto ano.

Bombeiros trabalham entre os escombros de um prédio residencial em Kiev destruído por um ataque de míssil em 28 de agosto
Unicef/Oleksii Filippov

Bombeiros trabalham entre os escombros de um prédio residencial em Kiev destruído por um ataque de míssil em 28 de agosto

A guerra dos drones

O representante da ONU descreveu o conflito como “cada vez mais tecnológico, uma guerra de drones”, explicando que esses dispositivos foram responsáveis por um terço das mortes civis registadas em 2025. O número total de vítimas civis aumentou 30% em relação ao ano anterior, incluindo uma menina de sete anos morta após um ataque na região central de Vinnytsia.

Já a Organização Mundial da Saúde, OMS, confirmou 364 ataques a instalações de saúde entre janeiro e outubro deste ano, incluindo um hospital infantil em Kherson que ficou gravemente danificado.

Schmale afirmou que “a segurança das crianças está a ser violada constantemente”, relatando um episódio particularmente marcante durante uma visita a uma creche em Kharkiv, atingida por três mísseis.

O representante da ONU descreveu a cena como a de um pai que deixa o filho na escola pela manhã e, poucas horas depois, é chamado para o buscar traumatizado após o jardim de infância ter sido atingido por mísseis.

Crise de financiamento

Schmale denunciou ainda as violações de direitos fundamentais nas áreas ucranianas sob ocupação russa, incluindo a imposição de registos forçados de cidadania russa, sob ameaça de deportação ou prisão.

Além da destruição no terreno, a ONU enfrenta uma queda significativa no financiamento destinado à resposta humanitária na Ucrânia.

Schmale lamentou que em 2022 foram recebidos US$ 4 bilhões, em 2023 US$ 2,6 bilhões, em 2024 US$ 2,2 bilhões, e este ano, até agora, US$ 1,1 bilhão.

Com o inverno a aproximar-se e os ataques a intensificarem-se, o alerta da ONU é claro: sem um cessar-fogo e sem apoio internacional renovado, milhões de civis poderão enfrentar um dos invernos mais difíceis desde o início da guerra.

Fonte: ONU

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