Equipa foi fortemente aplaudida pela 2.ª parte de qualidade no clássico frente ao Sporting; com a sua abordagem apaixonada, técnico ganha créditos no Dragão; há 43 anos que os dragões não passavam por uma sequência de cinco jogos sem vencer na Liga e pede-se ao argentino que inverta a tendência
Os aplausos regressaram ao Estádio do Dragão, num cenário que pode parecer contraditório. Apesar do empate frente ao Sporting, que mantém o FC Porto numa posição delicada na luta pelo título – a oito pontos do líder –, a ligação entre a equipa e os adeptos parece revitalizada. Curiosamente, mesmo sem vitórias no plano interno em 2025 (à exceção do triunfo frente ao Maccabi Tel Aviv na UEFA Europa League), a segunda parte frente aos leões devolveu esperança e entusiasmo à família azul e branca.
Parte desta mudança deve-se à reação excecional da equipa na 2.ª parte, mas, sem dúvida, o chamado efeito Martín Anselmi tem desempenhado papel crucial. O treinador argentino, com a sua abordagem apaixonada, analítica e cativante, conquistou os adeptos desde a sua chegada. O treinador contratado ao Cruz Azul não só é fiel às suas ideias de jogo, como também demonstra uma serenidade e clareza nas suas explicações que têm impressionado os portistas.
Após o clássico, na conferência de imprensa, Anselmi revelou-se minucioso e entusiasta e furou o rígido protocolo. Prolongou por sua iniciativa a sessão de perguntas dos jornalistas, talvez por sentir que a introdução de um modelo tático tão inovador merece ser compreendida pelos adeptos.
«Terminámos o jogo com dois centrais, dois médios e seis avançados porque tentámos primeiro trocar o perfil dos laterais, que não é o mesmo do que atacar com um extremo, e depois, quando eles começaram a pressionar em 5x2x3, nós passámos a construir com quatro, o Zé (Pedro) e o Djaló, e soltámos o Eustáquio no meio-campo», explicou. Foi com esta abordagem que o FC Porto alcançou o empate, com um golo de Namaso já nos instantes finais, celebrado com alma pelo treinador, em sintonia com os adeptos na bancada.
No Dragão e nas redes sociais onde os portistas trocam ideias e impressões, cresce a crença de que a segunda parte frente ao Sporting marca o início de algo maior. O modelo de Anselmi começa a ganhar forma, mesmo com as múltiplas mudanças ao longo do clássico. Mais do que simples palavras, alma, atitude e raça tornaram-se realidades palpáveis, deixando para trás a crise que culminou com a saída de Vítor Bruno. Como é evidente, o estado de graça do argentino não sobreviverá muito tempo sem resultados e o tempo continua a ser escasso para cimentar na equipa as suas ideias. Há progressos e há jogos exigentes, o primeiro já frente à Roma, quinta-feira, em casa, para a 1.ª mão do play-off de acesso aos oitavos da Liga Europa.
O quadro é este. Há 43 anos que os dragões não passavam por uma sequência de cinco jogos sem vencer na Liga, um período que remonta a uma época anterior à presidência de Pinto da Costa. Este é apenas o oitavo registo desta natureza na história do FC Porto, sendo que o recorde de jogos consecutivos sem vitória no campeonato é de sete, ocorrido na distante temporada de 1969/1970. O que se espera de Anselmi é que inverta esta tendência no mais curto espaço de tempo.
Fonte: A Bola
