O aumento das tensões comerciais e a incerteza política devem reduzir o crescimento global este ano para o ritmo mais lento desde 2008, exceto em períodos de recessão.
Não se espera recessão global
O documento, Perspectivas Econômicas Globais do Banco Mundial, revela que a redução ocorrerá em todas as regiões e faixas de renda.
O crescimento global deve desacelerar para 2,3% em 2025, quase meio ponto percentual abaixo da taxa esperada no início deste ano. Mas o risco de recessão global foi descartado.
Se as previsões para os próximos dois anos se concretizarem, o crescimento global médio nos primeiros sete anos da década de 2020 será o mais lento de qualquer década desde a de 1960.
Países cada vez menos desenvolvidos
O economista-chefe do Banco Mundial, Indermit Gill, dize que à exceção da Ásia, o mundo em desenvolvimento está se tornando uma zona sem desenvolvimento. Segundo ele, essa tendência está sendo anunciada há mais de uma década.
Dos anos 1990 para cá, o crescimento nas economias em desenvolvimento caiu drasticamente. Primeiro passando de 6% nos anos 2000 para 5% na década de 2010, e para menos de 4% na década de 2020.
A trajetória de crescimento do comércio global caiu de uma média de 5% na década de 2000 para cerca de 4,5% na década de 2010 e para menos de 3% na década de 2020. O crescimento do investimento também desacelerou, e a dívida atingiu níveis recordes.
Pela nova perspectiva global, o crescimento deve desacelerar em quase 60% em todas as economias em desenvolvimento, com uma média de 3,8% em 2025, antes de subir para uma média de 3,9% ao longo de 2026 e 2027.
Inflação acima dos níveis pré-Covid
Os países de baixa renda devem crescer 5,3%, uma redução de 0,4 ponto percentual em relação à previsão no início do ano.
Aumentos de tarifas e mercados de trabalho apertados também estão exercendo pressão ascendente sobre a inflação global, que, com uma média projetada de 2,9% em 2025, permanece acima dos níveis pré-pandemia.
Com o crescimento lento, haverá menos criação de postos de trabalho, e atrasos em ações para reduzir a pobreza e a fechar as lacunas de renda per capita com países avançados.
O crescimento da renda per capita nas economias em desenvolvimento está projetado em 2,9% para este ano, o que representa 1,1 ponto percentual abaixo da média entre 2000 e 2019.
Mitigação de tensões pode ajudar
Supondo que as economias em desenvolvimento, além da China, sejam capazes de sustentar um crescimento geral do Produto Interno Bruto, PIB, de 4%, a taxa prevista para 2027, levaria cerca de duas décadas para retornar à sua trajetória pré-pandemia em relação à produção econômica.
O Banco Mundial acredita que a mitigação das tensões comerciais ajudaria a reduzir a volatilidade financeira e a incerteza política levando a uma recuperação mais rápida da economia global.
Se as disputas comerciais atuais fossem resolvidas com acordos que reduzissem as tarifas pela metade em relação aos níveis do final de maio, o crescimento global seria 0,2 ponto percentual mais forte, em média, ao longo deste ano e do próximo.
Acordos regionais e liberalização
O relatório argumenta que, diante do aumento das barreiras comerciais, as economias em desenvolvimento devem buscar uma liberalização mais ampla, inclusive por meio de acordos regionais.
Para acelerar o crescimento econômico, os países precisarão melhorar o clima de negócios e promover o emprego produtivo, treinando os trabalhadores com as habilidades necessárias e criando condições para que os mercados de trabalho correspondam de forma eficiente entre trabalhadores e empresas.
A colaboração global será fundamental para apoiar as economias em desenvolvimento mais vulneráveis.
Para ler todo o relatório: https://www.worldbank.org/en/publication/global-economic-prospects
Fonte: ONU
