O Presidente da República, Chapo, e o Presidente do Banco Mundial (BM), Ajay Banga, mantiveram um encontro de trabalho nesta terça-feira, em Washington, D.C., que reafirmou o compromisso do BM em apoiar a transformação económica de Moçambique, com ênfase em megaprojectos de energia, desenvolvimento de corredores regionais e a implementação de reformas macro fiscais cruciais.
A reunião, realizada após a visita de Banga a Moçambique este ano, concentrou-se na materialização de investimentos concretos e na criação de um novo quadro de parceria com o país.
O foco central das discussões, segundo o Presidente Chapo, reside na área de energia, sector onde Moçambique visa posicionar-se como um “hub de fornecimento de energia eléctrica na região”. O estadista destacou o projecto hidroeléctrico de Mphanda Nkuwa, no rio Zambeze, com uma capacidade de cerca de 1.500 MW, para o qual o país busca o apoio do Banco Mundial para a sua concretização.
Além da hidroelectricidade, o presidente moçambicano mencionou a exploração do gás natural para a construção de centrais eléctricas, como a de Temane, que está a ser erguida com uma capacidade de cerca de 450 MW.
A infra-estrutura de Temane, é essencial não só para reforçar a qualidade de energia no Grande Maputo, mas também para a exportação para a África do Sul, alinhando-se com a visão de liderança energética regional.
O Chefe do Estado sublinhou ainda a importância dos corredores de desenvolvimento, nomeadamente o Corredor de Maputo, o Corredor da Beira e, com especial destaque, o Corredor de Nacala. Este último considera crucial para a conectividade regional, ligando Moçambique, Malawi e Zâmbia, sendo a única logística viável para a Zâmbia exportar a sua crescente produção mineral.
Uma contribuição considerada “muito importante” pelo dirigente moçambicano veio do presidente do Banco Mundial, que sugeriu que o conceito de corredor deve ser integrado e abrangente, indo além de estradas e linhas férreas.
A visão passa por incluir o desenvolvimento da agricultura, o agroprocessamento e a construção de clusters, como investimentos em
cidades, para garantir um verdadeiro desenvolvimento económico ao longo destes eixos.
O Banco Mundial é um parceiro tradicional de Moçambique, e o encontro também abordou o apoio orçamental e a continuidade do financiamento ao Estado moçambicano. Este apoio, segundo o Presidente da República, dependerá da aprovação de um novo programa com o Fundo Monetário Internacional (FMI), processo no qual a equipa governamental está a trabalhar “dia e noite”.
Relativamente a esta parceria, o Presidente do Banco Mundial confirmou o progresso na hidroeléctrica de Mpanda Nkuwa, e a instituição financeira internacional está a preparar as garantias e os instrumentos de financiamento. Ajay Banga destacou que o novo quadro de parceria do Banco Mundial com Moçambique enfatizará a criação de qualidade de vida e empregos no agronegócio, energia e infra-estruturas.
Banga felicitou Moçambique pelos progressos em utilizar os seus vastos recursos energéticos (sol, água e gás) e reconheceu os desafios macroeconómicos que o Presidente da República e o seu governo estão a abordar, nomeadamente a coordenação dos equilíbrios macro fiscais.
O líder do BM expressou a convicção de que Moçambique é “um país muito bonito, com muitas oportunidades” e que o que é necessário é a oportunidade para uma “liderança forte concretizar essas oportunidades”.
Para garantir a sustentabilidade económica e o apoio contínuo, o Presidente Daniel Chapo indicou que o Banco Mundial deixou recomendações sobre reformas essenciais, sobretudo no que toca à gestão das despesas do Orçamento do Estado, ao alargamento da base tributária para aumentar as receitas, e ao investimento na digitalização como ferramenta crucial para a transparência, boa governação e combate à corrupção.
Fonte: O País