BCE corta taxas de juro, mas incerteza sobre Abril cresce

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O Banco Central Europeu (BCE) decidiu, na quinta-feira (6 de Março), reduzir a taxa de depósito para 2,5%, marcando a sua sexta descida desde Junho de 2024. No entanto, a Presidente do BCE, Christine Lagarde, alertou para uma “incerteza fenomenal”, incluindo os impactos das guerras comerciais e do aumento dos gastos com defesa, factores que poderão condicionar futuras reduções das taxas.

A decisão mantém a flexibilização da política monetária, mas fontes do BCE indicam que cresce a probabilidade de uma pausa na próxima reunião de Abril, enquanto os decisores políticos avaliam a evolução da economia e da inflação.

Redução das taxas e perspectivas futuras

O BCE tem vindo a aliviar a sua política monetária à medida que a inflação se aproxima do objectivo de 2%, e a actividade económica da Zona Euro permanece frágil. Apesar do corte nas taxas, Lagarde evitou indicar um caminho claro para novas reduções, sublinhando que uma pausa também está em discussão.

“A política monetária está a tornar-se significativamente menos restritiva. Não é apenas uma pequena mudança inócua, mas sim uma mudança com impacto”, afirmou Lagarde.

Fontes do BCE citadas pela Reuters indicam que o cenário de uma pausa em Abril está a ganhar força, pois há necessidade de maior clareza sobre os efeitos das políticas comerciais e fiscais na inflação.

Inflação e impacto na economia da Zona Euro

A inflação na Zona Euro foi de 2,4% em Fevereiro, mas as novas projecções indicam que a meta de 2% só será atingida no primeiro trimestre de 2026, uma derrapagem que preocupa alguns membros do BCE.

A incerteza é reforçada pelo impacto das novas políticas fiscais da Alemanha e da Comissão Europeia, que prevêem aumento dos gastos com defesa e infra-estruturas, medidas que podem estimular o crescimento, mas também pressionar os preços.

“O BCE está a observar cuidadosamente estas mudanças estruturais. O seu impacto no crescimento será positivo, mas a pressão inflacionária é uma preocupação”, explicou Lagarde.

Geopolítica e riscos comerciais aumentam incerteza

A possibilidade de uma guerra comercial entre os EUA e a União Europeia também pesa nas decisões do BCE. O banco central avalia o risco de tarifas impostas pelos EUA sobre produtos europeus e uma possível retaliação da UE, o que poderia afectar o crescimento económico e a inflação.

“A incerteza é enorme. Algumas pessoas chamaram-lhe ‘incerteza fenomenal’”, declarou Lagarde.

Além disso, os economistas alertam para o efeito das tensões comerciais e do aumento dos custos de energia na inflação, podendo adiar novas reduções das taxas.

Reacção dos mercados e reavaliação das expectativas

A decisão do BCE e os comentários de Lagarde provocaram uma nova reavaliação nos mercados financeiros.

Os investidores agora antecipam entre um e dois cortes adicionais nas taxas este ano, totalizando 36 pontos-base de redução.

“Lagarde evitou confirmar que o próximo passo será um novo corte, o que gerou nervosismo nos mercados. Isso resultou numa descida dos preços das obrigações”, explicou Marco Brancolini, estrategista do Nomura.

Em resposta à decisão do BCE, o euro subiu para 1,0854 dólares, atingindo o nível mais alto desde Novembro de 2024, impulsionado pela percepção de que o ciclo de cortes pode ser mais lento do que o esperado.

Perspectivas para os próximos meses

A incerteza sobre a direcção futura da política monetária divide os economistas.

A trajectória das taxas dependerá dos dados económicos das próximas semanas, sendo que o BCE reiterou que está mais dependente dos indicadores económicos do que antes para decidir os próximos passos.

Fonte: O Económico

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