Resumo
O mercado das criptomoedas iniciou novembro com prudência após um outubro turbulento, que viu o Bitcoin registar a primeira perda mensal desde 2018. A queda de cerca de 5% foi influenciada pela aversão ao risco e por uma grande liquidação de criptoativos após anúncio de tarifas dos EUA sobre importações chinesas. A incerteza sobre a política monetária global e alertas de avaliações excessivas nos mercados accionistas mantêm os investidores apreensivos. Apesar da queda, o Bitcoin acumula ganhos anuais de 16%, impulsionado pela aceitação institucional e mudanças regulamentares favoráveis. Analistas consideram o mercado em fase de consolidação após a liquidação de outubro, com investidores à espera de sinais claros da política monetária dos EUA. O mês de novembro começa com cautela e vigilância técnica, num contexto de volatilidade e decisões de política monetária a influenciar o mercado de criptomoedas.
Um Outubro de Liquidação Histórica
De acordo com o relatório de fecho de mês, o Bitcoin caiu cerca de 5% em Outubro, pressionado por um ambiente de maior aversão ao risco e pela maior liquidação de cripto-activos da história, ocorrida após o anúncio do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de uma tarifa de 100% sobre as importações chinesas, acompanhada de ameaças de restrições à exportação de software estratégico.
A criptomoeda chegou a recuar até US$ 104 782,88, entre 10 e 11 de Outubro, depois de ter atingido, dias antes, um novo recorde acima de US$ 126 000. O episódio, descrito por analistas como “um lembrete da estreiteza estrutural do mercado”, demonstrou que mesmo os activos mais líquidos, como Bitcoin e Ethereum, continuam vulneráveis a quedas súbitas de 10% em poucos minutos.
“Esse colapso do dia 10 relembrou aos investidores que este mercado continua extremamente estreito”, afirmou Adam McCarthy, analista sénior da Kaiko. “Mesmo o Bitcoin e o Ether podem registar desvalorizações de dois dígitos em menos de vinte minutos.”
Factores Macroeconómicos e Incerteza Monetária
O mês terminou com investidores apreensivos quanto à direcção da política monetária global, depois de a Reserva Federal dos Estados Unidos contrariar as apostas do mercado sobre novos cortes nas taxas de juro, alegando falta de dados económicos devido ao bloqueio parcial do Governo norte-americano.
O ambiente de incerteza foi agravado por alertas de figuras influentes sobre avaliações excessivas nos mercados accionistas. O CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, advertiu, no início do mês, para “um risco elevado de correcção significativa” nas bolsas norte-americanas no horizonte de seis meses a dois anos.
“Os participantes permanecem cautelosos enquanto processam o que se tornou o maior evento de liquidação já registado”, sublinhou Jake Ostrovskis, da Wintermute. “A hesitação persiste devido a especulações sobre vulnerabilidades que possam ainda estar escondidas no sistema.”
Dados Actuais e Situação do Mercado
Apesar da queda mensal, o Bitcoin ainda acumula ganhos superiores a 16% no ano, sustentado pela maior aceitação institucional e pela mudança regulamentar promovida pela administração Trump, que tem favorecido o sector, encerrando processos judiciais e delineando um enquadramento mais flexível para os activos digitais.
Um Mercado em Reagrupamento
Analistas consideram que o mercado entrou em fase de consolidação, após a violenta liquidação de Outubro, com os investidores institucionais a reavaliar posições e a aguardar sinais claros da política monetária norte-americana.
Se o Bitcoin romper de forma sustentada a barreira técnica dos US$ 115 000, poderá reacender o optimismo de curto prazo; em contrapartida, uma queda prolongada abaixo dos US$ 110 000 poderá precipitar nova correcção.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>O mês de Novembro, tradicionalmente positivo para o cripto-mercado, começa assim sob um clima de cautela e vigilância técnica, num contexto em que a volatilidade e as decisões de política monetária continuam a definir o rumo de um mercado cada vez mais integrado nas dinâmicas macro-globais.
Fonte: O Económico






