Resumo
O Bitcoin atingiu um novo recorde de 125.245 dólares, impulsionado pela confiança institucional, apoio político favorável e recuo do dólar norte-americano. A criptomoeda acumula oito sessões consecutivas em alta, refletindo a procura por ativos alternativos e ETFs de Bitcoin. A correlação com as bolsas norte-americanas e a política monetária expansionista dos EUA têm sustentado a valorização. O dólar enfraquecido, devido ao impasse político nos EUA, aumentou a procura por ativos de refúgio, como o Bitcoin, que assume um papel dual de ativo especulativo e defensivo. A Administração Trump tem adotado uma postura regulatória mais favorável às criptomoedas, impulsionando a entrada de investidores institucionais no mercado.
Questões-Chave:
• O Bitcoin subiu para 125.245 USD, o valor mais alto alguma vez registado;
• O recorde anterior, de 124.480 USD, fora atingido em Agosto, sustentado pela entrada de investidores institucionais;
• O dólar norte-americano recuou nas últimas sessões, pressionado pelo impasse político e pelo risco de encerramento do Governo dos EUA;
• A política favorável da Administração Trump e os ETF’s de Bitcoin impulsionam o mercado cripto;
• O Bitcoin acumula oito sessões consecutivas em alta, reforçando o seu estatuto de activo de refúgio alternativo.
O Bitcoin voltou a fazer história ao atingir 125.245 dólares por unidade, o nível mais elevado de sempre. O movimento reflecte uma combinação de factores: confiança institucional crescente, apoio político mais favorável e retração do dólar norte-americano, que se encontra sob pressão devido à incerteza orçamental nos Estados Unidos.
De acordo com dados de mercado, o Bitcoin valorizou 2,7% no domingo, consolidando uma série de oito sessões consecutivas em alta. O anterior recorde, de 124.480 dólares, tinha sido registado em meados de Agosto, quando os mercados reagiram positivamente ao ambiente regulatório mais “amigável” promovido pela Administração norte-americana.
A nova escalada da criptomoeda ocorre num contexto de forte procura por activos alternativos, impulsionada por investidores institucionais e por uma série de entradas líquidas em fundos cotados (ETFs) baseados em Bitcoin, aprovados no início deste ano.
Os analistas de mercado indicam que a tendência de valorização tem sido reforçada pela correlação com as bolsas norte-americanas, que também registaram ganhos significativos nos últimos dias. O ambiente de maior confiança e a percepção de que a política monetária dos EUA se manterá expansionista têm sustentado o apetite pelo risco.
Pressão sobre o Dólar e Contexto Político nos EUA:
O fortalecimento do Bitcoin coincide com a desvalorização do dólar norte-americano, que registou perdas face às principais moedas nas últimas semanas.
O impasse político em Washington, resultante do prolongado encerramento parcial do Governo federal, gerou incerteza sobre a divulgação de dados macroeconómicos cruciais, como o relatório de emprego (payrolls), o que reduziu a previsibilidade da trajectória económica norte-americana.
O recuo do dólar e o ambiente de instabilidade política favoreceram a procura por activos de refúgio e por instrumentos descentralizados. Neste cenário, o Bitcoin volta a assumir um papel dual: activo especulativo e, simultaneamente, activo defensivo em períodos de incerteza.
Contexto Regulatória e Expectativas:
A Administração Trump, que regressou à Casa Branca em Janeiro, tem promovido uma agenda regulatória mais aberta ao sector das criptomoedas, com a promessa de “fomentar a inovação financeira e reduzir entraves burocráticos”.
A nova orientação contribuiu para o crescimento dos volumes institucionais, com gestoras como BlackRock, Fidelity e Ark Invest a consolidarem a sua presença no mercado.
O iShares Bitcoin ETF (IBIT) e o ARK 21Shares Bitcoin ETF (ARKB) registam entradas acumuladas superiores a 4 mil milhões de dólares, tornando-se instrumentos preferenciais para investidores institucionais.
Análise e Perspectiva de Mercado
A trajectória de valorização do Bitcoin reabre o debate sobre o papel das criptomoedas na economia global.
Se, por um lado, a estabilidade regulatória e o interesse institucional dão credibilidade ao activo digital, por outro lado, persistem riscos de volatilidade e concentração de liquidez.
O Banco de Pagamentos Internacionais (BIS) tem alertado para a necessidade de harmonização de regras globais, advertindo que o crescimento acelerado do mercado pode amplificar riscos financeiros em países com sistemas cambiais frágeis.
Ainda assim, a narrativa de escassez digital e o posicionamento do Bitcoin como “ouro do século XXI” continuam a atrair investidores em busca de protecção contra políticas monetárias expansionistas e erosão do poder de compra das moedas fiduciárias.
Com o novo recorde de 125.245 USD, o Bitcoin reforça o seu estatuto de activo global de referência e evidencia o amadurecimento do mercado cripto.
A conjugação de factores — pressão sobre o dólar, confiança institucional, ambiente regulatório favorável e incerteza política nos EUA — cria um terreno fértil para a continuidade da valorização, embora com riscos crescentes de correcção técnica.
Mais do que um pico especulativo, o momento representa um sinal do deslocamento estrutural dos fluxos financeiros globais, em que a descentralização e a procura por activos digitais estão a redefinir o mapa do poder económico.
Fonte: O Económico
