O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) global registou um aumento de 11% em 2024, totalizando 1,4 trilião de dólares, segundo o relatório Global Investment Trends Monitor, No. 48, da UNCTAD. Contudo, quando excluídos os fluxos canalizados através de economias condutoras europeias, o IDE global caiu 8%, evidenciando uma fragilidade subjacente. As economias em desenvolvimento enfrentaram o segundo ano consecutivo de queda nos fluxos, com uma redução de 2%, ameaçando o progresso nos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Economias desenvolvidas: Crescimento impulsionado por economias condutoras
O IDE nas economias desenvolvidas aumentou 43%, graças a transacções multinacionais em economias condutoras europeias, que frequentemente actuam como pontos de trânsito antes de os investimentos alcançarem os seus destinos finais. Sem esses fluxos, os investimentos caíram 15%.
Nos Estados Unidos, o IDE cresceu 10%, impulsionado por um aumento de 80% em fusões e aquisições (M&A). Os projectos greenfield tiveram um aumento notável de 93% em valor, atingindo 266 mil milhões de dólares, com destaque para megaprojectos no sector de semicondutores. No entanto, na União Europeia, 18 dos 27 Estados-membros registaram quedas significativas, incluindo Alemanha (-60%) e Itália (-35%).
Economias em desenvolvimento: Impactos e perspectivas
Os fluxos de IDE para as economias em desenvolvimento caíram 2%, reflectindo um declínio na confiança dos investidores e desafios económicos. Este recuo ameaça sectores cruciais para os ODS, como agronegócios, infraestrutura e água, que registaram uma redução de 11% nos investimentos globais.
Tendências globais e desafios
Em 2024, os projectos greenfield registaram uma queda de 8% em número e 7% em valor, enquanto o financiamento internacional de projectos caiu 26% em número e quase um terço em valor. Esses declínios representam desafios significativos para o financiamento de infraestruturas e energia, sectores essenciais para o crescimento sustentável.
Embora o IDE global tenha crescido, a sua dependência de economias condutoras e a queda nos fluxos para os países em desenvolvimento apontam para a necessidade de políticas que reforcem a confiança dos investidores e apoiem projectos de desenvolvimento crítico.
Perspectivas para 2025
Espera-se uma recuperação moderada do IDE em 2025, apoiada por condições de financiamento mais favoráveis e uma potencial recuperação em fusões e aquisições. No entanto, riscos associados a incertezas geopolíticas e económicas permanecem elevados, exigindo que os países adoptem estratégias diversificadas e inovadoras para atrair e sustentar investimentos.
Fonte: O Económico