Regresso de Venâncio Mondlane a Maputo marcado por confrontos e tensões

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O regresso à cidade de Maputo, de Venâncio Mondlane, candidato presidencial e líder dos protestos pos-eleitorais em Moçambique, foi acompanhado por tensões e confrontos entre a polícia e os seus apoiantes. O desembarque de Mondlane no Aeroporto Internacional de Maputo, após dois meses no estrangeiro, gerou grandes ajuntamentos na capital, culminando em eventos que resultaram em pelo menos três mortos e vários feridos.

A Polícia da República de Moçambique (PRM) justificou a sua intervenção como uma medida preventiva para evitar que os ajuntamentos se transformassem em motins e uma nova vaga de vandalizações e saques, actos que têm caracterizado os protestos pós-eleitorais protagonizados pelos apoiantes de Mondlane. Desde as eleições de Outubro, várias manifestações têm resultado em destruição de infraestruturas públicas e privadas, criando receios de agravamento da instabilidade.

Multidão dispersada com gás lacrimogéneo e disparos

Os confrontos ocorreram no Mercado Estrela, no centro de Maputo, onde Mondlane se dirigia aos seus apoiantes de cima de um carro de som. A polícia interveio com gás lacrimogéneo e disparos para dispersar a multidão, alegando riscos de perturbação da ordem pública. “A nossa acção visou evitar que o ajuntamento culminasse em novos actos de vandalismo e prejuízos às infraestruturas,” declarou uma fonte policial.

Relatos indicam que os confrontos causaram três mortes e seis feridos por disparos. Testemunhas descrevem cenas de confusão, com apoiantes a fugirem do local e barricadas a serem erguidas em algumas ruas. “As nossas medidas foram proporcionais à necessidade de manter a ordem e evitar mais perdas materiais e humanas,” reforçou a polícia.

Contexto político e judicial

Mondlane regressou ao país num momento de elevada tensão política, marcado por protestos contra os resultados das eleições gerais. O Conselho Constitucional proclamou Daniel Chapo, da Frelimo, como vencedor com 65,17% dos votos, enquanto Mondlane e os seus apoiantes alegam irregularidades no processo eleitoral. O candidato reafirmou que “não reconhece os resultados” e comprometeu-se a continuar a luta política e judicial pelo que considera ser a defesa da verdade e da justiça.

O Ministério Público acusa Mondlane de ser o autor moral dos protestos que resultaram em vandalismo e prejuízos superiores a 2,1 milhões de dólares. Contudo, o Tribunal Supremo esclareceu que não há nenhum mandado de captura contra o candidato, que se declarou disponível para colaborar com a justiça. “Estou em Moçambique para continuar o diálogo e contribuir para a estabilidade do país,” disse Mondlane.

Impacto na cidade e reacções da população

Os confrontos geraram impacto significativo no centro de Maputo, com ruas bloqueadas e o comércio encerrado temporariamente. Alguns residentes expressaram preocupação com a violência, enquanto outros apoiaram a presença policial como necessária para conter o caos. “Não podemos permitir que as manifestações descambem em vandalismo e prejudiquem todos,” afirmou um comerciante local.

Mondlane foi conduzido a um local seguro após os eventos e encontra-se hospedado em Maputo. Ele reiterou que a sua luta política não visa cargos ou benefícios pessoais, mas sim a defesa de valores democráticos. “Estou aqui pelo povo e pelo país,” afirmou.

O regresso de Venâncio Mondlane sublinha as divisões políticas que continuam a desafiar Moçambique no período pós-eleitoral. Enquanto as autoridades procuram manter a ordem pública, os apelos por diálogo e soluções pacíficas ganham força, destacando a necessidade de esforços conjuntos para evitar uma escalada da crise. A estabilidade social e política depende de uma abordagem equilibrada, que respeite os direitos dos cidadãos e preserve a segurança nacional.

Fonte: O Económico

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