Taça da Liga: Sporting-Benfica, 1-1, 6-7 gp (crónica)

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O Benfica conquistou a Taça da Liga, pela oitava vez, ao bater o Sporting no desempate por penáltis (7-6) no final de um grande dérbi, com as duas equipas a proporcionar um espetáculo de luxo, sobretudo na primeira parte. A equipa da Luz procurou entrar com tudo no jogo, como Bruno Lage tinha anunciado, mas encontrou do lado contrário um adversário com a mesma determinação, para uma primeira parte com uma intensidade tremenda. O equilíbrio manteve-se intato na segunda parte e, apesar de um ligeiro ascendente dos leões na parte final, o troféu acabou por decidir-se no desempate por penáltis, com Trincão a falhar o pontapé decisivo e a proporcionar uma festa em tons de vermelho.

Com um ambiente espetacular nas bancadas, o dérbi arrancou em grande nível, com uma intensidade de cortar a respiração, com parada e resposta, de tal forma que os adeptos, que se tinham dividido num duelo de cânticos antes do início do jogo, perderam o pio, para acompanhar o estonteante duelo entre os dois rivais.

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Bruno Lage respeitou a velha máxima do futebol que diz que “em equipa que ganha, não se mexe”, e repetiu exatamente o mesmo onze que tinha atropelado o Sp. Braga três dias antes, com natural destaque para continuidade de Schjelderup no onze inicial. Rui Borges, por seu lado, teve de recompor o seu onze, face às lesões de Matheus Reis e Morita, além de uma «noite atribulada» de Iván Fresneda. Maxi Araújo recuou para a defesa do flanco esquerdo, atrás de Geovany Quenda, enquanto Eduardo Quaresma atuou no corredor contrário no lugar do lateral espanhol.

O Benfica procurou, desde logo, assumir as rédeas do jogo, tal como tinha feito frente ao Sp. Braga, com mais posse de bola e um bloco bem subido, mais uma vez com destaque para Alvaro Carreras, sempre solto sobre a esquerda, de braços levantados, a pedir a bola. O Sporting fechava-se bem e, depois, tentava sair a jogar em velocidade, com saídas rápidas pelos corredores, ou mais trabalhadas, neste caso, pelo corredor central, pelos pés de Hjulmand.

O Benfica esforçava-se por montar um cerco à área leonina e asfixiar o adversário, tal como tinha feito na meia-final, mas os leões conseguiam escapar e, na reposta, colocavam o rival em dificuldades, com destaque para as subidas rápidas de Geovany Quenda, mas também para as arrancadas de Eduardo Quaresma no lado contrário.

Tivemos um jogo, assim, de parada e resposta, com um Benfica com uma construção mais pausada, procurando surpreender os leões, com rápidas mudanças de flanco, e um Sporting mais vertiginoso, com arranques verticais na direção da baliza de Trubin. Di María fazia estragos no lado direito e proporcionou um primeiro remate a Kokçu, mas, na resposta, Geovany Quenda esteve perto de marcar, com uma espetacular arrancada sobre a direita a culminar num remate para o primeiro poste para defesa apertada de Trubin.

Bastaram quinze minutos para percebermos que este já era o jogo com maior intensidade da Final Four, um grande jogo, com poucos casos e muito futebol de parte a parte. Florentino garantia um equilíbrio inabalável à equipa do Benfica que continuava a arriscar com um bloco muito subido, deixando muito espaço nas suas costas para as transições dos leões, mas, a verdade, é que o Benfica tinha mais bola e o Sporting tinha de esperar, sob pressão, em terrenos mais recuados, para depois procurar responder em velocidade.

Foi neste cenário que o Benfica voltou a estar perto do golo, num cruzamento açucarado de Tomás Araújo, para um corte incompleto de Franco Israel, com Di María nas imediações. Mas não havia tempo para lamentos porque, no instante seguinte, estava Geny Catamo, no outro lado do campo, a conquistar mais um pontapé de canto.

Um jogo que podia cair para qualquer um dos lados, mas foi o Benfica a adiantar-se no marcador, à passagem da meia-hora, com Di María, mais uma vez, a trabalhar bem sobre a direita e a destacar Schjelderup no lado contrário. O norueguês veio da esquerda para o interior da área, procurou uma abertura e rematou cruzado para o fundo das redes de Franco Israel. Estava ganha a aposta de Bruno Lage.

Um golo que abanou o Sporting que, nos instantes seguintes, sentiu dificuldades em manter o equilíbrio, mas a intensidade do jogo manteve-se intata, com as duas equipas a atacar à vez. Numa inversão de papeis, Trincão lançou depois Eduardo Quaresma para uma arrancada fenomenal até ao interior da área do Benfica, com o lateral adaptado a tirar Otamendi da frente e a encher o pé esquerdo para um remate que passou por cima da baliza de Trubin.

Já perto do intervalo, o Sporting acabou por chegar ao empate, numa grande penalidade a punir uma falta de Florentino sobre Maxi Araújo. Marcou o incontornável Viktor Gyökeres, com alguma sorte, diga-se. O sueco rematou forte para o meio da baliza e Trubin quase conseguiu desviar a bola com a ponta da bota, mas esta acabou mesmo por entrar.

Leões com mais pilhas na etapa final

Uma primeira parte de tirar o fôlego e dificilmente as duas equipas iriam conseguir manter o mesmo ritmo na etapa complementar que foi bem diferente. Diferente, desde logo, porque Schjelderup já não voltou, cedendo o lugar a Akturkoglu, mas, sobretudo, porque a intensidade do jogo caiu a pique. Bruno Lage procurou surpreender, ao lançar o turco para a direita, derivando Di María para a esquerda. Não foi preciso esperar muito tempo para perceber que o plano alternativo não resultou. Di María ficou fora de jogo e o turco sentia tremendas dificuldades para entrar no corredor. Um plano desfeito em pouco tempo, com o argentino a regressar ao lado direito.

As duas equipas mantiveram-se, depois, fiéis aos mesmos pressupostos que tinham exibido na primeira parte, mas agora num ritmo bem mais lento e previsível. O Benfica continuava a atacar com mais critério, fazendo a bola progredir de setor para setor, para depois procurar desequilíbrios na área dos leões, quase sempre pela esquerda, enquanto o Sporting, apesar de ter menos bola, chegava mais rapidamente à frente.

Di María ainda obrigou Franco Israel a voar para uma grande defesa, mas, nesta altura, começava a ser percetível que o Sporting, à medida que os minutos corriam, estava com mais energia. Mais energia na velocidade que imprimia ao jogo, quando tinha bola, mas também na luta pelas segundas bolas.

Seguiram-se as danças dos bancos, com o Sporting a lançar sucessivamente Fresneda, Debast, e Harder, com a particularidade do central belga ter entrado para o meio-campo, para o lugar de João Simões. No lado do Benfica, Lage também refrescou a equipa com Alexander Bah, Leo Barreiro, Amdouni e Renato Sanches.

O ritmo do jogo continuava a cair a pique, os erros acumulavam-se, os jogadores já davam evidentes sinais de desgaste físico e, nesta altura, já era evidente que esta final ia ser decidida num pormenor ou mesmo no desempate por penáltis como acabou por acontecer.

Mesmo na lotaria dos penáltis, o equilíbrio manteve-se intenso, com as duas equipas a marcarem os primeiros seis pontapés com sucesso. Só na sétima série é que foi encontrado o vencedor, com Florentino a concretizar e Francisco Trincão a permitir a defesa de Trubin. A festa acabou por ser vermelha.

Fonte: Mais Futebol

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