Trump suspende tarifas por 90 dias, mas agrava pressão sobre a China com nova taxa de 125%

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Num movimento inesperado, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou esta quarta-feira, 09/04, uma pausa de 90 dias na aplicação das novas tarifas para dezenas de parceiros comerciais, mas, simultaneamente, aumentou a tarifa sobre as importações da China para 125%, uma escalada sem precedentes na actual guerra comercial.

A decisão — que apanhou os mercados de surpresa — ocorre menos de 24 horas após a entrada em vigor de tarifas punitivas sobre produtos de mais de 60 países, incluindo aliados históricos como o Japão, Coreia do Sul, Alemanha e Itália.

“Autorizei uma PAUSA de 90 dias e uma tarifa recíproca substancialmente mais baixa de 10%, também com efeito imediato”, declarou Trump nas redes sociais. O anúncio, porém, não especifica com clareza quais os países abrangidos nem os critérios de aplicação da medida.

Mercados reagem com alívio — mas persistem dúvidas

As bolsas norte-americanas reagiram positivamente ao anúncio. Os principais índices, como o Dow Jones e o Nasdaq, subiram acentuadamente, enquanto os rendimentos das obrigações (Treasuries) recuaram, sinalizando um alívio imediato nas expectativas de risco.

No entanto, analistas e investidores mantêm reservas, citando a falta de clareza sobre os detalhes da suspensão tarifária e o comportamento errático da política comercial da Casa Branca.

“É uma pausa sem garantias. O que Trump concede com uma mão, retira com a outra”, observou um analista da Bloomberg Economics.

China reage com novas tarifas: 84% sobre produtos dos EUA

Horas após o anúncio norte-americano, Pequim respondeu com força, impondo tarifas de 84% sobre várias categorias de produtos dos EUA, com entrada em vigor já na quinta-feira. A medida eleva ainda mais o tom do confronto bilateral e poderá agravar as tensões diplomáticas nas próximas semanas.

A escalada sino-americana levanta receios sobre a ruptura das cadeias globais de abastecimento, aumento da inflação internacional e maior volatilidade nos mercados emergentes.

A Europa avança com tarifas próprias

A União Europeia, por sua vez, avançou com a aprovação de um pacote de tarifas retaliatórias, ainda em fase de implementação. Bruxelas espera, contudo, negociar com Washington durante o período de pausa anunciado, de modo a reduzir os danos económicos e preservar os fluxos comerciais essenciais.

Recuo táctico ou manobra estratégica?

A pausa anunciada por Trump é interpretada por muitos como um recuo táctico para conter reacções internas e externas, num contexto em que as tarifas começaram a afectar a economia norte-americana e a confiança dos investidores. Ao mesmo tempo, o aumento brutal da tarifa sobre a China para 125% aponta para um endurecimento selectivo, com objectivos políticos e geoestratégicos bem definidos.

Os próximos 90 dias serão decisivos para perceber se esta suspensão é uma abertura real para negociações ou apenas um intervalo estratégico numa guerra económica prolongada.

Fonte: O Económico

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