William O’Neill conversou com jornalistas, em Nova Iorque.
Máxima impunidade
Após sua visita oficial ao Haiti, ele contou que apesar dos esforços da Polícia Nacional Haitiana e da Missão de Apoio à Segurança Multinacional, MSS, autorizada pelo Conselho de Segurança, o risco de a capital, Porto Príncipe, cair sob controle de gangues é “palpável”.
O especialista explicou que esses grupos criminosos violentos continuam se estendendo e consolidando seu domínio além da cidade.
Eles matam, estupram, aterrorizam, incendeiam casas, orfanatos, escolas, hospitais, locais de culto, recrutam crianças e se infiltram em todas as esferas da sociedade.
Segundo O’Neil, tudo isso ocorre com a “máxima impunidade e, às vezes, como muitas fontes apontam, com a cumplicidade de atores poderosos”.
O perito afirma que a luta contra a impunidade e a corrupção são os principais obstáculos ao desmantelamento das facções.

Relatos de vítimas
Ele compartilhou histórias de vítimas como uma menina de 16 anos que teve a casa invadida por sete homens armados e mascarados, que a estupraram, espancaram e mataram o pai dela diante dos seus olhos.
A violência deslocou internamente mais de 1 milhão de pessoas, milhares delas apenas nas últimas semanas. Nos acampamentos improvisados, a fome e a violência sexual são generalizadas.
Segundo fontes ouvidas por ele, a sociedade civil não tem recursos suficientes para cuidar de todas as vítimas. Para O’Neil, muitas situações indicam que “os desesperados estão se voltando contra os mais desesperados”.
Sanções e embargo de armas
O especialista acredita que a prioridade de todos os atores haitianos deve ser garantir a segurança, a primazia da justiça e a sobrevivência do Estado.
Para a comunidade internacional, ele pediu uma ação rápida na implementação de compromissos relacionados ao regime de sanções, ao embargo de armas e ao reforço do apoio multinacional à segurança.
O’Neil concluiu reiterando que “não há um dia a perder e não há alternativa”.
*Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho.
Fonte: ONU