Resumo
O primeiro CFO Survey Moçambique da Deloitte revela um otimismo moderado entre os diretores financeiros das maiores empresas do país, apesar da incerteza global, riscos geopolíticos e pressões cambiais. As estratégias das empresas focam-se na resiliência, redução de custos e digitalização, num contexto de crescimento económico moderado. O estudo reflete a cautela dos CFOs em relação ao aumento de despesas de capital e contratação de funcionários, devido a preocupações com a inflação e incertezas financeiras e económicas globais. As principais ameaças identificadas são as flutuações cambiais e os riscos geopolíticos, levando as empresas a priorizar a redução de custos, a digitalização e o crescimento orgânico. A preferência por financiamento interno e capital próprio em detrimento de empréstimos bancários reflete uma postura avessa ao risco e ao elevado custo do crédito em Moçambique.
Estudo da Deloitte mostra executivos financeiros a apostar em redução de custos, digitalização e resiliência, mesmo com riscos cambiais e geopolíticos em níveis críticos
O primeiro CFO Survey Moçambique, da Deloitte, revela um sentimento de optimismo moderado entre os directores financeiros das maiores empresas do país. Metade dos inquiridos mostra confiança no futuro, mesmo num contexto de elevada incerteza global, riscos geopolíticos e pressões cambiais. A aposta das empresas recai em estratégias de resiliência, redução de custos e digitalização, num ambiente em que o crescimento económico se prevê moderado mas positivo.
O inquérito, realizado entre Abril e Maio de 2025, captou as perspectivas dos CFOs de sectores como consumo, finanças, energia, construção, indústria e logística. O estudo surge após um período turbulento em Moçambique, marcado por instabilidade social e uma contracção de –5,73% no último trimestre de 2024 e –3,92% no primeiro trimestre de 2025. Com o restabelecimento da ordem pública, as projecções do FMI indicam agora crescimento de 2,5% em 2025 e 3,5% em 2026, sustentando algum optimismo.
As expectativas financeiras revelam que 50% dos CFOs preveem aumento de receitas e 43% melhoria das margens operacionais. Em termos de investimento, 54% antecipam subida das despesas de capital, mas apenas 36% esperam crescimento do número de empregados — sinal de prudência no reforço da força de trabalho.
A inflação surge como uma das maiores preocupações: 46% dos CFOs estimam que se situará entre 4% e 6%, enquanto 36% projectam 6%–8% e 18% admitem mais de 8%. Apesar das projecções do Banco de Moçambique de que a inflação se manterá em um dígito, os CFOs assumem cautela adicional.
O estudo confirma ainda que 84% dos CFOs consideram elevado o nível de incerteza financeira e económica global. Como consequência, 79% afirmam que não é momento de assumir riscos adicionais no balanço. As flutuações cambiais (93%) e os riscos geopolíticos (86%) surgem como as principais ameaças, afectando previsões de vendas e cadeias de abastecimento.
Em resposta a este ambiente, as empresas priorizam redução de custos (86%), digitalização (71%) e crescimento orgânico (50%). Estas medidas estão alinhadas com investimentos em eficiência (82%), resiliência (82%), transformação digital (75%) e sustentabilidade/ESG (68%). A investigação científica, em contrapartida, é considerada pouco relevante, com mais de 60% dos CFOs a indicarem que não se aplica às suas realidades.
O relatório mostra ainda uma clara preferência pelo financiamento interno (57%) e pelo capital próprio (54%), em detrimento de empréstimos bancários (32%) ou obrigacionistas, reflexo da postura avessa ao risco e do elevado custo do crédito no país.
No campo dos riscos geopolíticos, 57% dos CFOs afirmam que estes já prejudicaram a execução de objectivos estratégicos em grande medida ou até certo ponto, e mais de metade prevê impactos em vendas e cadeias de abastecimento nos próximos seis meses.
<
p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Para a Deloitte, o estudo mostra que, apesar de um ambiente marcado por incertezas e riscos múltiplos, os CFOs moçambicanos continuam a olhar para o futuro com moderação estratégica: um equilíbrio entre cautela e aposta em áreas que possam garantir competitividade, resiliência e crescimento sustentável.
Fonte: O Económico