Início Desporto Champions: Benfica-Barcelona, 4-5 (crónica)

Champions: Benfica-Barcelona, 4-5 (crónica)

0

Quem diria que numa noite chuvosa e de trovoada, o Estádio da Luz viveria uma das noites mais mágicas e luminosas dos seus 21 anos?

Que o Benfica marcaria quatro golos ao Barcelona, três deles da autoria de um mal-amado?

E que, ainda assim, os catalães regressariam a casa com a vitória?

O duelo entre dois históricos de um continente preencheu todas as alíneas daqueles jogos que resistem à erosão do tempo e perduram na memória coletiva.

Teve um choque de estilos, duas equipas tremendamente competitivas com bola, momentos de caos absoluto, muitas vezes de incompetência, uma arbitragem polémica, nove (!) golos e muitas mais oportunidades de duas equipas que deixaram tudo em campo, até à última gota de suor.

Uma grande noite de futebol começou praticamente com a bola no fundo da baliza do Barcelona. Naquela jogada a três toques entre Tomás Araújo, Carreras e Pavlidis ficaram também evidentes as lacunas de uma equipa visitante que domina o jogo com bola como poucas, mas é tremendamente permeável em momentos de organização defensiva.

Depois de Aursnes ter ficado perto do 2-0, logo depois do golo inaugural de Pavlidis, o Barça reclamou a propriedade da bola. Circulava-a com qualidade e recuperava-a em poucos segundos quando a perdia, montando uma pressão asfixiante à saída da grande-área de Trubin e que quase colheu dividendos ainda antes do minuto 13, quando Lewandowski converteu o primeiro de dois penáltis do Barça.

Em menos de 15 minutos, o Benfica-Barcelona já tinha mais história do que muitos outros jogos. Na verdade, os restantes 75 e o tempo que lhe foi acrescentado foram o que aquele período havia sido: absolutamente vertiginosos.

Numa fase em que baixara perigosamente as linhas e não conseguia sequer pisar o meio-campo ofensivo, a equipa de Bruno Lage chegou ao 2-1, num lance anedótico em que Szczesny e Baldé chocaram um com o outro e que terminou com Pavlidis a conduzir a bola até à baliza culé.

O Barça tardou a recompor-se e os encarnados aproveitaram para chegar ao 3-1 (o terceiro de Pavlidis aos 30 minutos), na sequência de um penálti assinalado o guardião do Barça por falta sobre Aktürkoglu em mais um momento de permeabilidade da equipa de Hansi Flick.

O Benfica foi para o intervalo a vencer por dois golos de diferença, mas naquele remate falhado de Lamine Yamal e no tiro de Raphinha ao lado a fechar a primeira parte residiam evidências de que o jogo estava longe de estar terminado.

Por isso e, também, porque o Barcelona tanto é a equipa que vence um jogo em sete na Liga espanhola, como aquela que banaliza uma das equipas mais poderosas do planeta.

E pode ser ambas num só jogo.

Instalado no meio-campo ofensivo numa noite em que saiu da Luz com 69 por cento de posse de bola, 71 (!) ataques e 21 remates, o Barça começou por ameaçar por Koundé, mas o Benfica respondia com competência sempre que conseguia superar as primeiras linhas de pressão. A Schjelerup faltou o último passe numa transição e a Aursnes acreditar que só lhe faltava superar Szczesny naquele minuto 54.

O golo insólito de Raphinha (65m), nascido de pontapé desastroso de Trubin, caiu do céu, mas a reação do Barça foi travada de imediato por novo golo do Benfica, quando Ronald Araujo cortou um cruzamento de Schjelderup para a baliza blaugrana.

Cada vez com mais unidades atacantes em campo, o Barcelona não se rendeu, mas a remontada começou a ser construída num penálti (muito) discutível de Álvaro Carreras sobre Lamine Yamal e que Lewandowski não desperdiçou.

Aqueles 15 minutos finais seriam um teste de stress ao qual a águia não conseguiria resistir. Num dos momentos em que a equipa de Bruno Lage até estava a ser mais competente – o jogo áereo – Eric García cabeceou para o 44 aos 87 minutos.

Tão perto, mas, pelas incidências que se sucederam, ao mesmo tempo tão longe do apito final de Danny Makkelie, árbitro neerlandês que não esteve à altura das equipas.

Di María, que começou o jogo como suplente, teve no pé esquerdo o 5-4 quando o quarto-árbitro já tinha a placa com o tempo de compensação nas mãos, mas permitiu a defesa de Szczesny.

Só que o jogo ainda teria mais para contar: de uma jogada em que Barreiro acabou no chão na área culé quando só tinha o guarda-redes pela frente nasceu o contra-ataque que Raphinha concretizou para dar ao Barcelona a vitória e o apuramento certo para os oitavos de final da Liga dos Campeões.

Ironia das ironias: no derradeiro lance do jogo, o Benfica capitulou pela sua própria receita e quando quis tanto ganhar que acabou a defender como o adversário numa noite épica em que os encarnados mereciam mais, mas o Barcelona talvez também não merecesse menos.

Obrigado por esta noite.

Fonte: Mais Futebol

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu nome aqui
Por favor digite seu comentário!

Exit mobile version