O Presidente da República, Daniel Chapo, defendeu hoje, em Belém, Brasil, durante a sessão plenária da 30a Edição da Cimeira dos Líderes Mundiais sobre Acção Climática (COP 30), decisões globais “corajosas e transformadoras” para enfrentar a crise climática, sublinhando necessidade de financiamento justo e acessível para países mais vulneráveis.
O Chefe do Estado alertou para a urgência da acção multilateral, destacando que “o tempo de agir é agora” e que Moçambique necessita de mais de 37 mil milhões de dólares para alcançar resiliência climática plena.
Ao citar o Papa Francisco no início da sua intervenção, o Presidente moçambicano reforçou o carácter crítico do momento que o mundo atravessa: “O tempo para buscar soluções globais está se esgotando. Só encontraremos soluções adequadas se agirmos juntos e em acordo.”
Segundo disse, a reunião deve ser tratada como prioritária, por dizer respeito “à nossa casa comum, a mãe Terra.”
O estadista agradeceu ao Governo e ao povo do Brasil pela organização da conferência e destacou o simbolismo de realizar o encontro no centro da Amazónia. “Estamos reunidos no pulmão do planeta”, afirmou, acrescentando que Belém deve inspirar decisões que assegurem uma exploração sustentável dos ecossistemas globais.
O Presidente Chapo descreveu um cenário internacional marcado por crises interligadas, como conflitos, eventos climáticos extremos, fluxos migratórios e estagnação no financiamento ao desenvolvimento.
“Estes desafios exigem mais do que palavras, exigem acção concertada e solidariedade multilateral renovada”, afirmou. Recordou ainda que passaram mais de três décadas desde a Cimeira do Rio e frisou que, embora haja avanços, o ritmo de implementação dos compromissos climáticos é insuficiente para limitar o aquecimento global a 1,5oC. “Cada fracção de grau importa e cada acção ou omissão tem consequências reais”, avisou.
Sobre Moçambique, o Presidente da República destacou a elevada vulnerabilidade às mudanças climáticas, lembrando que os ciclones Chido, Dikeledi e Jude “deixaram um rasto de destruição” e tiraram mais de 220 vidas nos últimos dois anos. Para atingir resiliência climática, afirmou, o país necessita de cerca de 37,2 mil milhões de dólares, valor que “traduz o custo da adaptação, mas também o valor da esperança de milhões de moçambicanos”.
Apesar dos desafios, o governante destacou progressos nacionais, incluindo a Iniciativa de Preservação da Floresta do Miombo, a implementação das Contribuições Nacionalmente Determinadas, programas REDD+ e a aprovação da Estratégia Nacional de Financiamento Climático 2025–2034. “A nossa NDC revê em baixa as emissões em 50 por cento face ao cenário „business as usual”, disse, realçando que o país está aberto à cooperação e ao investimento verde.
O estadista apelou ao cumprimento das promessas de financiamento climático, com destaque para o Fundo de Perdas e Danos, e pediu maior acessibilidade aos mecanismos financeiros internacionais. “A equidade climática deve reconhecer o direito dos países africanos ao desenvolvimento”, defendeu, reiterando a necessidade de uma transição energética justa que permita uso sustentável dos recursos naturais.
O Chefe do Estado evocou também o princípio moral que orienta a responsabilidade intergeracional: “Nós não herdamos a Terra de nossos antecessores, nós pegámo-la emprestada de nossas crianças.” Expressou ainda esperança de que a COP30 produza “compromissos renovados, acções concretas e uma visão partilhada de esperança”, reafirmando que Moçambique “continuará a fazer a sua parte, com determinação e sentido de responsabilidade, competência e urgência”.
Fonte: O País