O Global Risks Report 2025, divulgado pelo Fórum Económico Mundial (WEF), destaca o aumento das tensões geopolíticas, eventos climáticos extremos e a disseminação de desinformação como os principais riscos para o ano. Estas ameaças refletem um panorama global cada vez mais complexo e interligado, no qual líderes mundiais enfrentam o desafio de promover colaboração em meio a vulnerabilidades crescentes.
Conflito armado: Uma ameaça eminente
O relatório do WEF identificou o conflito armado entre Estados como o risco mais premente para 2025, com 23% dos especialistas classificando-o como a maior preocupação. Esta constatação surge num momento em que o mundo enfrenta o maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial, segundo António Guterres, Secretário-Geral da ONU. A invasão russa da Ucrânia, além de conflitos no Médio Oriente e em África, intensificou a instabilidade global, evidenciando o aumento das tensões geopolíticas e a fragmentação da confiança internacional.
Mirek Dušek, diretor-geral do WEF, alertou que “as tensões geopolíticas crescentes e a fractura da confiança estão a moldar o panorama de riscos globais.” Ele apelou aos líderes para que optem pela resiliência e cooperação como soluções para este cenário desafiador.
Eventos climáticos extremos e a crise climática
O impacto das alterações climáticas continua a dominar as preocupações a curto e longo prazo. Eventos climáticos extremos, como ondas de calor, inundações e furacões, foram destacados como riscos iminentes e crescentes. O relatório sublinha que a crise climática está a intensificar a frequência e a severidade destes fenómenos, ameaçando ecossistemas, economias e comunidades vulneráveis.
Além disso, preocupações como a perda de biodiversidade e o colapso de ecossistemas foram classificadas entre os maiores riscos para a próxima década. A urgência de implementar políticas climáticas eficazes nunca foi tão evidente.
Desinformação: Um risco persistente e agressivo
A desinformação e a polarização social figuram como riscos recorrentes, sendo citados pela segunda vez consecutiva como ameaças de curto a médio prazo. A disseminação de informações falsas agrava tensões políticas e sociais, dificultando a tomada de decisões informadas e promovendo divisões.
Carolina Klint, diretora comercial da Marsh McLennan Europe, descreveu o ambiente atual como um “ninho de esquilo”, onde os riscos são interligados e aumentam as dificuldades para navegar no cenário económico. “Estamos a viver uma era marcada por tensões económicas crescentes e fragmentação, que deixou de ser uma preocupação teórica para se tornar uma realidade tangível,” afirmou Klint.
Uma rede de riscos interligados
Além dos três principais riscos, o relatório identificou preocupações adicionais, como espionagem cibernética, desigualdades sociais e poluição. Estas ameaças interligadas complicam ainda mais o ambiente global, exigindo respostas coordenadas e inovadoras.
Liderança e Resiliência: O Desafio dos Próximos Anos
Com o início do Fórum Económico Mundial em Davos, mais de 3.000 líderes de 130 países têm a oportunidade de abordar estas questões e propor soluções colaborativas. O relatório do WEF deixa claro que, sem uma ação conjunta e decisiva, as vulnerabilidades continuarão a crescer, colocando em risco a estabilidade económica e social global.
Os riscos globais para 2025 são um reflexo das tensões acumuladas e da crescente interdependência dos sistemas sociais, económicos e ambientais. Conflito armado, desastres climáticos e desinformação não são ameaças isoladas, mas sim componentes de uma rede global de riscos que exige ações imediatas e coordenadas para garantir um futuro mais resiliente e sustentável.
Fonte: O Económico