Está instalado um novo braço-de-ferro entre o Conselho Municipal de Xai-Xai e os vendedores informais da cidade. Em causa está a proibição das suas actividades nas ruas da zona comercial, apesar de alegarem ter acordos anteriores com a edilidade, mediante o pagamento de licenças.
É mais um autêntico duelo de forças entre vendedores informais e a polícia municipal por causa da proibição de vendas nas ruas e bermas da zona comercial de Xai-Xai.
“Há uma contestação das pessoas que vendem fora porque o município mandou eles embora das avenidas para estarem a deambular. Nem eles trabalham, nem nós trabalhamos”, explicou Júlio, vendedor informal.
Com forma de retaliar a ordem de retirada de mais de 3 mil vendedores de rua, os vendedores informais bloquearam, desde a tarde desta quarta-feira, os portões principais do mercado Limpopo, resultando na paralisação do comércio, gerando uma forte agitação, apesar do forte dispositivo policial mobilizado para o local.
Laura, vendedeira informal, explica que tudo é causado pela presença da polícia onde não devia estar, alegando ainda falta de espaço para exercer a actividade. “Mobilizaram polícia canina e armas, e exigem a retirada de todos das vias. Avisaram há tempo, mas não queremos sair por falta de espaço”, disse.
O ambiente está instalado no interior do maior mercado da província de Gaza e o ambiente que se vivia esta quinta-feira era de um “salve-se quem puder”. As vias estavam totalmente bloqueadas, a confusão instalada e posições entre os vendedores formais e informais.
“Mas a gente vendeu com o máximo, com esse engarrafamento. E esses que estão aqui, eles estão a reclamar. Dizem que nós estamos a fechar bancas, estão a misturar”, explicou Lineu Tomas, vendedor do mercado Limpopo.
Por seu turno, Vânia, vendedeira informa, diz que a falta de um espaço adequado resulta na confusão que se vive na capital de Gaza.
“Vamos sentar aonde? Eu sou vendedora ambulante, desde 2010 estou a vender roupa na cidade como vendedora ambulante. Onde é que nós vamos vender? Aqui dentro não tem espaço. Vamos vender aonde? Nós também queremos pão”, denuncia Vânia.
Os vendedores informais alegam falta de bancas. “Nós não vamos sair daqui antes do município nos mostrar um sítio para sentarmos e vendermos”, critica Vânia.
Já a edilidade assegura, uma vez mais, que há espaços suficientes para os vendedores informais exercerem as suas actividades, mas há falta de colaboração.
“Todos os mercados têm espaço para venda lá no interior. Não está lá ninguém”, revela Nelson Pedro, Comandante da Polícia Municipal em Xai-Xai.
Nelson Pedro diz tratar-se de manobras para inviabilizar uma operação que visa aliviar passeios tomados desde finais do ano passado, mas avisa que nos próximos a medidas são endurecidas.
“A nossa luta é contra a venda ambulante. É uma operação permanente até regularizarmos a situação dos mercados”, disse o Comandante da Polícia Municipal em Xai-Xai.
No entanto, mantém a decisão de continuar nas vias e alegam ter acordos anteriores com a edilidade, mediante o pagamento de licenças.
Para já, Nelson Pedro diz que o grupo deve sair das áreas interditas, o responsável garante a disponibilidade de mais três mil bancas, rejeitadas pelos informais.
Fonte: O País