Questões-Chave
O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda dos EUA face a seis divisas-chave, registou uma valorização semanal de 0,45%, impulsionado por uma forte procura de activos de segurança. A escalada militar entre Israel e Irão e a expectativa de uma decisão da Casa Branca sobre possível intervenção directa criaram uma pressão acrescida sobre os mercados financeiros.
O receio de um alastramento do conflito, particularmente se os EUA optarem por uma acção militar, levou os investidores a afastarem-se de activos de risco. Apesar da ligeira retracção dos preços do Brent — que caiu mais de 2% para 77 USD — o crude continua próximo dos máximos de Janeiro, intensificando os receios de inflação.
Segundo Charu Chanana, da Saxo, “o aumento do preço do petróleo introduz incerteza inflacionária num momento em que o crescimento já está em desaceleração”, o que coloca os bancos centrais perante um dilema: estimular a economia ou conter a inflação.
Efeitos Cambiais e Pressões Regionais
A procura pelo dólar contrastou com a pressão sobre outras moedas:
Apesar da força do dólar, este ainda acumula uma queda de 9% no ano, afectado por incertezas comerciais e políticas.
Tarifas Norte-Americanas no Horizonte
Para além da geopolítica, os mercados mantêm-se atentos ao prazo de início de Julho, definido por Donald Trump para aplicar tarifas “recíprocas” de 10% sobre produtos da União Europeia. Fontes diplomáticas europeias admitem que esta poderá ser a nova linha de base em futuras negociações comerciais.
As tensões comerciais somam-se ao risco geopolítico, tornando mais volátil o ambiente macroeconómico global. Como resultado, os bancos centrais enfrentam dificuldades acrescidas na definição da política monetária, num momento em que o crescimento global está a perder fôlego e os custos de financiamento se mantêm elevados.
Implicações para Economias Emergentes
Para economias como Moçambique, estas dinâmicas representam desafios adicionais. A valorização do dólar poderá pressionar as contas externas, encarecer importações e amplificar o risco de fuga de capitais. Combinado com o aumento da factura energética e incertezas no comércio internacional, o cenário impõe prudência na gestão macroeconómica e cambial.
Fonte: O Económico