Por: Lurdes Almeida
A cultura é um património vivo, a alma de um povo e um dos pilares essenciais da coesão social. Por meio dela, transmitem-se saberes, hábitos e modos de vida que moldam a identidade de uma nação. Em Moçambique, essa herança cultural é rica, diversa e profundamente enraizada na sua história.
Contudo, vivemos hoje sob a influência crescente das sociedades liberais e dos avanços tecnológicos, o que tem levado muitos a distanciar-se das suas raízes. Estilos de vida ocidentais ganham prioridade, enquanto valores tradicionais, como o respeito pelos mais velhos, o espírito comunitário e a valorização da sabedoria ancestral, são gradualmente negligenciados. Em seu lugar, emergem comportamentos marcados pelo materialismo, individualismo e pela busca de modelos importados de aparente sucesso, o conhecido “viver de aparência”. Se essa tendência persistir, corremos o risco de perder a essência da nossa identidade cultural.
É urgente revalorizar a cultura, não como uma memória do passado, mas como alicerce para o futuro. Isso exige uma revisão profunda das políticas educativas e sociais, com foco na reconexão das pessoas à sua história e aos seus valores. A tecnologia, longe de ser uma ameaça, pode tornar-se uma aliada poderosa nesse processo.
Para garantir uma geração consciente, respeitadora e orgulhosa das suas raízes, é necessário:
- Integrar conteúdos culturais nos currículos escolares;
- Incentivar o uso das línguas nacionais em espaços formais e informais;
- Promover eventos culturais voltados para a juventude;
- Criar pontes entre gerações, valorizando o diálogo intergeracional;
- Utilizar plataformas digitais como YouTube, TikTok e podcasts para divulgar histórias, músicas e tradições moçambicanas com propósito e autenticidade;
Revalorizar a cultura é investir na dignidade, na memória e na força coletiva de Moçambique. É garantir que o futuro seja construído com raízes firmes e voos altos.