Resumo
O Presidente de Moçambique, Daniel Francisco Chapo, realizou uma visita histórica aos Estados Unidos da América, onde procurou estabelecer uma nova era de cooperação económica. Durante encontros com executivos e investidores, Chapo destacou a intenção de transformar Moçambique numa potência energética e logística na África Austral, afirmando a necessidade de investimento em infraestruturas como o oleoduto a partir do Porto da Beira. O Presidente enfatizou a importância de atrair investimento estrangeiro para criar empregos e gerar valor, visando a industrialização do país e uma economia mais diversificada e competitiva. A visita simboliza a transição para uma diplomacia económica mais assertiva e orientada para resultados sustentáveis, marcando um reposicionamento económico de Moçambique no cenário internacional.
A visita, que se desenrola entre reuniões com executivos de instituições financeiras e encontros com investidores de peso, simboliza a transição de Moçambique para uma diplomacia económica mais assertiva, orientada para resultados concretos e sustentáveis. O Presidente Chapo apresentou, nos Estados Unidos, o retrato de um país que quer mais do que ajuda — quer investimento. Um país que aposta em estabilidade política, transparência e governação digital para criar as condições de confiança necessárias à expansão do capital estrangeiro.
Foi na sede da Câmara de Comércio dos Estados Unidos, em Washington D.C., que Daniel Chapo deu o primeiro grande passo desta missão. À mesa com alguns dos mais influentes empresários norte-americanos, o Presidente moçambicano falou com clareza e convicção sobre as oportunidades de investimento que o país oferece. No centro das atenções esteve a proposta de construção de um oleoduto a partir do Porto da Beira, um projecto de dimensão regional que poderá garantir o escoamento eficiente de combustíveis e reforçar a integração comercial com países vizinhos como o Zimbábue, a Zâmbia e o Congo.
“É muito importante convidar a Câmara de Comércio dos Estados Unidos a investir em portos, estradas e infraestruturas logísticas. A Beira é o nosso principal ponto de escoamento de óleo e um corredor vital para as rotas comerciais internacionais”, afirmou o Presidente, num discurso firme e visionário que despertou a atenção dos investidores presentes. O plano do Governo é transformar o corredor da Beira num dos principais canais de desenvolvimento regional, ligando o oceano Índico ao interior da África Austral, com estradas e oleodutos modernos que suportem a crescente procura energética e comercial.
O encontro foi também um momento de reposicionamento económico. Daniel Chapo apresentou Moçambique como um país vasto e rico em recursos naturais, mas que pretende, com urgência, transformar essa riqueza em oportunidades de negócio sustentáveis. “Temos carvão, grafite, ouro e muitos minerais críticos. Mas o mais importante é transformar esses recursos em oportunidades concretas que criem emprego e gerem valor para o povo moçambicano”, disse o Chefe de Estado, sublinhando que o objectivo é industrializar o país e promover uma economia mais diversificada e competitiva.
Aos empresários americanos, o Presidente foi directo: “Moçambique tem tudo para se tornar um actor económico relevante na África Austral. Temos localização estratégica, acesso ao mar e fronteiras com seis países. O que precisamos agora é de investimento em estradas, portos, caminhos-de-ferro e sistemas logísticos modernos que liguem os mercados e dinamizem o comércio regional.”
Mas o discurso de Daniel Chapo não ficou restrito à energia e à logística. A diversificação económica esteve no centro da sua mensagem. O Presidente apresentou uma visão baseada em cinco pilares essenciais: energia, agricultura, indústria, turismo e infraestruturas. Estes sectores, explicou, são as alavancas que permitirão ao país garantir crescimento sustentável, criar empregos e atrair investimento privado de longo prazo.
No domínio energético, o Presidente destacou que Moçambique está a investir em grandes centrais de produção, entre as quais Mphanda Nkuwa, Cahora Bassa e Temane, que em conjunto poderão fornecer milhares de megawatts à rede nacional e aos países vizinhos. “Queremos não só reforçar a quantidade e a qualidade da energia eléctrica no país, mas também exportá-la para toda a região”, afirmou Chapo, lembrando que Moçambique é o único país da SADC com capacidade real para responder ao défice energético que afecta Zâmbia, Malawi, Zimbábue e África do Sul.
A visão do Presidente é clara: fazer da energia uma ferramenta de integração regional e crescimento económico. Para isso, Moçambique aposta em diversificar a sua matriz energética com projectos de gás natural, hidroelétricas e energias renováveis. Entre os investimentos de referência, Daniel Chapo mencionou a central termoeléctrica de Temane, de 450 megawatts, avaliada em 650 milhões de dólares, e o novo projecto de Namaacha, com apoio da U.S. International Development Finance Corporation (DFC).
Na verdade, foi na DFC — uma das mais poderosas agências federais de financiamento ao desenvolvimento do governo americano — que o Presidente moçambicano consolidou a vertente financeira desta nova fase de cooperação. A reunião com os executivos da instituição, realizada também em Washington, simboliza o regresso de Moçambique à mesa dos grandes investidores internacionais.
“Temos activos, temos procura na região, mas precisamos de financiamento. Por isso, estamos aqui, nos Estados Unidos, que são uma das maiores referências mundiais em financiamento de megaprojectos”, disse Chapo à saída do encontro.
O Chefe de Estado explicou que o objectivo não é apenas captar capital, mas construir parcerias que reforcem o papel de Moçambique como potência energética e industrial da África Austral. A DFC, reconhecida por financiar projectos de impacto em países em desenvolvimento, já investe em Moçambique em áreas como energia, infraestruturas, agricultura e tecnologia. Entre os principais financiamentos destacam-se o apoio à central de Temane, o seguro de risco político de 80 milhões de dólares para o projecto eólico de Namaacha, e o envolvimento no gás da Bacia do Rovuma.
“Esta visita não foi meramente simbólica. Viemos para trabalhar, para concretizar, para que Moçambique deixe de ser apenas fornecedor e passe a ser protagonista”, declarou Chapo, ao encerrar o encontro, numa frase que ecoou com força na sala da DFC.
Mas a agenda do Presidente foi além da energia. No sector agrícola, Daniel Chapo apresentou Moçambique como um país com potencial para responder à crescente crise alimentar global. “O mundo tem um problema de défice alimentar. Moçambique pode ser parte da solução, se investir na agricultura e no agroprocessamento. Queremos industrializar o país, gerar empregos para os jovens e para as mulheres, e transformar o sector agrícola num motor do nosso crescimento”, afirmou.
No turismo, Chapo destacou o crescente interesse internacional pelo país. “Ficaram impressionados ao saber que o grupo Aman, um dos dez maiores grupos hoteleiros do mundo, escolheu Moçambique para a sua primeira entrada na África Subsaariana”, revelou o Presidente. Ele aproveitou para convidar novos investidores a participarem na Conferência Internacional do Turismo, marcada para 3 e 4 de Novembro, em Vilankulo, uma das joias turísticas da província de Inhambane.
As conversações com a DFC e com a Câmara de Comércio dos Estados Unidos deixaram patente o desejo de Moçambique de consolidar o seu estatuto como um destino seguro para o investimento e um parceiro fiável na região. O Presidente explicou que, para garantir o retorno do capital e reforçar a confiança internacional, o Governo está a implementar um sistema electrónico de governação que tornará todos os processos mais transparentes e eficientes.
“O que estamos a fazer agora é a digitalização completa dos serviços do Estado. Queremos eliminar a corrupção e criar clareza em todos os procedimentos administrativos e financeiros. A previsibilidade é essencial para os negócios”, afirmou o Chefe de Estado.
A aposta na governação digital é, segundo Chapo, uma das reformas mais profundas alguma vez empreendidas em Moçambique. A digitalização de pagamentos, licenças e tramitação de processos públicos tem como objectivo reduzir a burocracia e eliminar o contacto directo entre o cidadão e a administração, cortando o ciclo da corrupção.
Além da DFC e a Câmara do Comércio dos Estados Unidos de América, Daniel Chapo manteve também encontros com executivos do Millennium Challenge Corporation (MCC), uma agência norte-americana que financia projectos de desenvolvimento sustentável. A reunião serviu para discutir novas áreas de cooperação e avaliar o progresso dos programas em curso, nomeadamente os investimentos em infraestruturas, agricultura e fortalecimento institucional.
Com o MCC, o Presidente reafirmou que Moçambique quer acelerar os projectos de modernização das estradas, pontes e portos, pilares fundamentais para o escoamento da produção nacional e para a integração comercial com os mercados vizinhos.
Esta agenda densa e multissetorial traduz o novo rosto da política externa moçambicana — mais pragmática, menos protocolar e profundamente virada para resultados. Ao longo de toda a visita, Daniel Chapo falou a linguagem do investimento e da confiança. Não pediu ajuda. Propôs negócios. Não apresentou carências. Mostrou potencial.
Para muitos observadores, com quem o O País interagiu, esta viagem marca o início de um novo capítulo na diplomacia económica de Moçambique. Um capítulo em que o país surge como actor com voz própria, consciente da sua importância geoestratégica e determinado em garantir que o seu desenvolvimento se faz com base em parcerias transparentes e mutuamente benéficas.
De Washington, Daniel Chapo vai partir com compromissos firmes, portas abertas e uma imagem reforçada de estadista que fala de oportunidades, governação e crescimento sustentável. Uma mensagem clara para o mundo: Moçambique está de volta ao centro do investimento internacional e quer transformar a sua riqueza natural em prosperidade.
Fonte: O País






