Dois jovens partiram de Luanda à Maputo num carro velho, o que seria uma travessia geográfica tornou-se numa aventura marcada por amadurecimento, descoberta e resistência. Foi um grito contra o conformismo perante a ideia de que é preciso esperar pelas condições perfeitas para viver algo grandioso. Eles foram com o que tinham: coragem, amizade e um carro que tossia mais do que andava.
Num Toyota RAV4, de motor cansado e chaparia azul com marcas do tempo, Francisco Albuquerque e Daniel Estima, amigos de longa data e naturais de Águeda, Portugal, embarcaram na sua primeira aventura rumo à Luanda, em 2018.
Os amigos tornaram-se aventureiros e exploradores desde cedo. Apesar de terem se separado, temporariamente, para concluir estudos universitários, mantiveram viva a vontade de descobrir o mundo. Durante o período da pandemia, deram vida ao projecto “Andamento”, criado há cerca de quatro anos com propósito claro, provar que não existem impossíveis.
“Com mais de 100 mil seguidores no YouTube, somos conhecidos pelas nossas aventuras em Portugal e além-fronteiras. Já chegamos ao Qatar à boleia, apenas para assistir ao Mundial. Criamos o projecto “Andamento” há cerca de quatro anos para provar que não existem impossíveis”.
Orgulhosos, os aventureiros confessaram que a estrada, com seus buracos, paisagens deslumbrantes e desafios inesperados, tornou-se palco de descobertas que nenhum manual ensina.
“Um dos momentos mais desafiantes foi quando o carro se desligou inesperadamente, apesar de várias tentativas de reparação, tudo isso enquanto uma manada de elefantes nos cercava em plena savana do Botswana. Já no Qatar, vivemos outra situação intensa, fomos rodeados por leões, num episódio marcado pela tensão e pura intimidação.
Durante sua jornada a Moçambique, os amigos disseram que no caminho aprenderam sobre solidariedade, quando desconhecidos ofereceram-lhes ajuda sem pedir nada em troca.
Num mundo onde tudo é planeado, cronometrado e digitalizado, essa viagem foi um grito de autenticidade. Um lembrete de que viver é arriscar, sair da zona de conforto, e confiar que mesmo um carro velho pode levar longe quem tem vontade de ir.
Que mais pessoas se inspirem nessa jornada. Porque às vezes, tudo o que precisamos é de um amigo, um mapa, e um carro que ainda arranca.