Dependência de Commodities Continua a Atravessar as Economias em Desenvolvimento

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A UNCTAD voltou a soar o alarme sobre a persistente dependência de commodities nas economias em desenvolvimento. O relatório The State of Commodity Dependence 2025 mostra que dois terços dos países em desenvolvimento ainda dependem fortemente das exportações de matérias-primas, tornando-os vulneráveis à volatilidade dos preços globais e limitando a sua capacidade de transformação económica sustentável.

Commodities – englobando produtos energéticos, minerais e agrícolas – continuam a ser o motor do comércio internacional, representando um terço do valor global entre 2021 e 2023. No entanto, a dependência excessiva de produtos primários compromete a resiliência e o crescimento sustentável de muitas economias.

Segundo a UNCTAD, 95 dos 143 países em desenvolvimento eram dependentes de commodities durante o período 2021–2023. A situação é particularmente crítica nos Países Menos Avançados (PMAs), nos Estados Insulares em Desenvolvimento e nos Países em Desenvolvimento Sem Litoral, onde essa dependência ultrapassa os 80%.

Em África, a situação é ainda mais preocupante. A região registou uma queda de 5,6% no valor das exportações de commodities em comparação com a década anterior, perdendo mais de 25 mil milhões de dólares em receitas. A explicação está na redução dos preços internacionais do petróleo e no decréscimo dos volumes exportados por países como Nigéria, Angola e Argélia.

Ao contrário, a Ásia consolidou-se como a principal região exportadora, com destaque para os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita, responsáveis por mais de metade das exportações de commodities da Ásia Ocidental.

Embora o peso das commodities no comércio global tenha diminuído (de 35,5% para 32,7%), o seu papel continua relevante. A agricultura liderou em crescimento, com 34% de aumento nas exportações, atingindo 2,3 biliões de dólares, enquanto os produtos mineiros cresceram 33,4% (média anual de 1,65 biliões de dólares). A energia ainda representa 44,5% do total, mas perdeu espaço face à década anterior (52,1%), influenciada pela transição energética global.

O relatório também destaca exemplos positivos de transição e diversificação bem-sucedidas, como Indonésia e Guatemala, que reduziram a sua dependência abaixo do limiar de 60%. Esses casos demonstram que, com políticas públicas consistentes, investimento estratégico e acesso ampliado aos mercados, é possível transformar a riqueza em recursos primários em crescimento económico sustentável e inclusivo.

A UNCTAD alerta que, sem valor acrescentado e diversificação, os países continuarão a desperdiçar o potencial transformador das suas riquezas naturais. O relatório oferece ferramentas estatísticas e análises comparativas para apoiar decisores políticos na formulação de estratégias de longo prazo, reduzindo riscos estruturais e aumentando a competitividade global.

Fonte: O Económico

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