Por: Gentil Abel
Com uma cobertura ainda limitada em várias regiões do país, especialmente nas zonas rurais, o sistema nacional de saúde continua fortemente dependente do apoio financeiro externo para manter serviços essenciais em funcionamento. E grande parte dos medicamentos e uma parcela significativa dos recursos utilizados pelo sector provêm de doações internacionais. Essa realidade levanta preocupações sobre a sustentabilidade do sistema a longo prazo.
Por outro lado, é inegável que essa ajuda tem sido fundamental para ampliar o acesso aos cuidados de saúde em diversas províncias. Em áreas onde o Estado enfrenta desafios logísticos e restrições orçamentárias, os programas financiados por doadores internacionais garantem a presença de serviços básicos, funcionando como complemento ao esforço governamental.
No entanto, a dependência prolongada desse tipo de apoio traz riscos consideráveis. Um dos principais desafios é a vulnerabilidade do sistema nacional diante de possíveis mudanças nas prioridades dos doadores. A imprevisibilidade na liberação dos fundos pode comprometer a continuidade de projectos em andamento, dificultando o planejamento e a execução de políticas públicas estruturantes pelo Ministério da Saúde.
Diante desse cenário, uma das estratégias sugeridas é o fortalecimento gradual do financiamento interno do sector, com um aumento progressivo da alocação de recursos do Orçamento do Estado para a saúde.
Por fim, apesar dos desafios, Moçambique tem registrado avanços importantes na ampliação da cobertura e na melhoria da qualidade dos serviços de saúde. Contudo, enquanto o país continuar dependendo significativamente de recursos externos, a estabilidade e autonomia do sistema permanecerão frágeis. Assim, a cooperação internacional deve ser vista não como uma solução permanente, mas como um instrumento de apoio à transição para um sistema de saúde mais eficiente e autossustentável.