Resumo
Deputados da Assembleia da República de Moçambique estão a ser capacitados sobre crimes cibernéticos no Hotel Radisson Blu, em Maputo, numa formação organizada pelo INTIC com apoio do UNODC. Cerca de 50 deputados participam na iniciativa, que visa sensibilizar para os riscos no ciberespaço e promover a segurança digital. Lourino Chemane, do INTIC, destaca a importância de reforçar capacidades técnicas para combater estes crimes, mencionando a Equipa Nacional de Resposta a Incidentes Cibernéticos. O UNODC salienta a necessidade de leis eficazes e fiscalização para proteger os direitos dos cidadãos no espaço virtual. A Assembleia da República prepara-se para debater as propostas da Lei de Segurança Cibernética e da Lei de Crimes Cibernéticos, visando um Moçambique mais seguro e justo.
Deputados da Assembleia da República Capacitados sobre Crimes Cibernéticos
Decorre nos dias 03 e 04 de Novembro, no Hotel Radisson Blu, em Maputo, uma capacitação dos Deputados da Assembleia da República sobre crimes cibernéticos, organizada pelo Instituto Nacional de Tecnologias de Informação e Comunicação (INTIC), com o apoio do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
A iniciativa contou com cerca de 50 deputados da Assembleia da República e insere-se no âmbito das comemorações do Mês de Consciencialização sobre Segurança Cibernética, celebrado em Outubro, e visa sensibilizar a sociedade moçambicana sobre os riscos e ameaças no ciberespaço que afectam a vida pessoal, profissional e governamental, bem como promover boas práticas de segurança digital entre utilizadores e organizações.
O Presidente do Conselho de Administração do INTIC, Lourino Chemane, afirmou durante o discurso de abertura, que o combate aos crimes cibernéticos não pode ser eficaz apenas com medidas legais e regulamentares, sendo necessário reforçar as capacidades técnicas e operacionais para identificar e responsabilizar os autores desses crimes.
O dirigente recordou que o INTIC tem elaborado instrumentos legais e regulatórios e lançou, em 2023, a Equipa Nacional de Resposta a Incidentes Cibernéticos (nCSIRT), estrutura crucial para a identificação e resolução de incidentes cibernéticos no país. Segundo Chemane, os resultados divulgados em 2025 mostram um número crescente de incidentes registados e resolvidos com sucesso.
Na sua intervenção, o Chefe do Escritório do UNODC em Moçambique, António Vivo, explicou que a capacitação pretende apoiar o Parlamento no exercício do seu papel de aprovar leis eficazes, fiscalizar a sua implementação e garantir o respeito pelos direitos fundamentais dos cidadãos também no espaço virtual.
Segundo o responsável, a criminalidade cibernética deixou de ser um risco meramente técnico para se tornar um problema económico e social de primeira ordem, afectando famílias, escolas, hospitais e empresas.



Por sua vez, Ambrósio Alves Soares, da Assembleia da República, destacou a necessidade de promover em Moçambique uma abordagem integrada no combate aos crimes cibernéticos, sublinhando que “hoje em dia, não há segurança sem cibersegurança”.
Considerou ainda que esta iniciativa é um catalisador para a construção de um Moçambique mais justo e mais seguro.
Este evento acontece numa fase em que o Conselho de Ministros, na sua 33.ª Sessão Ordinária, realizada a 30 de Setembro de 2025, apreciou positivamente as propostas da Lei de Segurança Cibernética e da Lei de Crimes Cibernéticos, que serão brevemente submetidas à apreciação da Assembleia da República.
Espera-se que as sessões proporcionem informações práticas que enriqueçam os debates parlamentares, permitindo que os deputados adquiram conhecimentos que lhes possibilitem discutir com legitimidade os futuros projectos de lei a serem submetidos ao Parlamento, bem como a ratificação do Convénio das Nações Unidas sobre o Cibercrime e da Convenção de Budapeste.
Ainda no primeiro dia, a Oficial Associada de Prevenção ao Crime e Justiça Criminal do UNODC, Marie-Line Billaudaz, apresentou o panorama global e regional do cibercrime, abordando as tipologias e tendências da cibercriminalidade, o impacto económico, social e institucional em África e em Moçambique, e os casos recentes de uso da Inteligência Artificial em fraudes, deepfakes e desinformação.
A especialista destacou ainda o envolvimento do crime organizado em actividades ilícitas online e os riscos emergentes para a segurança pública e a democracia. Explicou que os crimes cibernéticos se dividem em crimes ciberdependentes e crimes ciberfacilitados, e alertou para o impacto social crescente da cibercriminalidade, evidenciado pelo aumento de campanhas de desinformação que afectam a confiança pública, bem como pelo número elevado de vítimas de fraudes, extorsões, roubo de identidade e exploração e abuso online de crianças e jovens.
Fonte: INTC






