27.1 C
New York
Thursday, September 25, 2025
No menu items!
No menu items!
InícioNacionalSociedadeDesenvolvimento ou Desigualdade Disfarçada? Uma Análise Crítica da Realidade Moçambicana

Desenvolvimento ou Desigualdade Disfarçada? Uma Análise Crítica da Realidade Moçambicana

Por: Naice Novela

Nos discursos oficiais e nos planos governamentais, o termo “desenvolvimento” é frequentemente apresentado como sinónimo de progresso colectivo. Promessas de reabilitação de estradas, modernização de bairros, digitalização de serviços, e os gráficos de desenvolvimento económicos crescem. No entanto, essa narrativa optimista esconde uma realidade marcada por desigualdades profundas e persistentes.

Como em muitos países com desafios socioeconómicos semelhantes, o desenvolvimento tem sido selectivo. As obras de infra-estrutura concentram-se nas zonas urbanas e centrais, enquanto comunidades periféricas e rurais continuam à margem. A digitalização dos serviços públicos avança, mas ignora milhões que sequer têm acesso à internet, uma exclusão tecnológica que aprofunda o fosso social.

Embora os jovens sejam exaltados como “motores do futuro”, a realidade mostra um cenário de oportunidades escassas. A formação profissional e de qualidade é limitada, e a inserção no mercado de trabalho continua inacessível para muitos. A retórica oficial não se traduz em políticas eficazes que promovam inclusão e mobilidade social.

A exclusão social e a assimetria regional não é declarada, mas é perpetuada por políticas públicas mal distribuídas, investimentos mal direccionados e uma escuta institucional que ignora as vozes das populações vulneráveis. Mulheres em zonas rurais, pessoas com deficiência, idosos negligenciados e jovens sem acesso à educação de qualidade permanecem invisíveis, mesmo quando os indicadores oficiais sugerem progresso.

A exclusão também se manifesta de forma mais sútil: na ausência de representatividade nos espaços de decisão, na inexistência de canais acessíveis à participação cidadã e na invisibilidade estatística de milhares de moçambicanos. Muitos não apenas não têm voz, não são sequer contabilizados nas prioridades nacionais.

O crescimento económico, por si só, não é suficiente. Modernizar cidades enquanto empurra os mais pobres para periferias desassistidas é perpetuar a desigualdade. O verdadeiro desenvolvimento é aquele que distribui oportunidades de forma equitativa, valoriza a diversidade e respeita os direitos sociais de todos os cidadãos, sem excepções.

Este texto não se limita à crítica. É um apelo urgente: que se escutem as vozes dos marginalizados, que se corrijam os desequilíbrios históricos e que se assuma um compromisso sério com um modelo de desenvolvimento justo, inclusivo e sustentável. Porque progresso que não alcança a todos não é progresso, é privilégio.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu nome aqui
Por favor digite seu comentário!

- Advertisment -spot_img

Últimas Postagens

Chapo apela à unidade global na sessão da Assembleia-Geral da ONU

0
O Presidente da República, Daniel Chapo, fez a sua estreia na 80ª Sessão da Assembleia-Geral  das Nações Unidas em Nova Iorque, onde defendeu o...
- Advertisment -spot_img