Dezassete países africanos, incluindo Moçambique, comprometeram-se esta semana, em Nova Iorque, com planos concretos de expansão do acesso à electricidade no âmbito da Mission 300, iniciativa conjunta do Banco Mundial e do Banco Africano de Desenvolvimento que pretende ligar 300 milhões de africanos à energia eléctrica até 2030.
O anúncio foi feito durante o Bloomberg Philanthropies Global Forum, onde foram endossados os chamados National Energy Compacts — planos práticos concebidos para orientar o investimento público, acelerar reformas e atrair capital privado. Entre os signatários estão países como Benim, Botswana, Burundi, Camarões, Comores, Congo, Etiópia, Gâmbia, Gana, Guiné, Quénia, Lesoto, Moçambique, Namíbia, São Tomé e Príncipe, Serra Leoa e Togo.
O Presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, sublinhou que “a electricidade é a base do emprego, da oportunidade e do crescimento económico”, enquanto o líder do BAD, Sidi Ould Tah, destacou o impacto transformador da energia fiável e acessível para pequenas e médias empresas, agro-indústria e economia digital.
Desde o arranque da iniciativa, cerca de 30 milhões de pessoas já foram ligadas à rede, com mais de 100 milhões em processo de conexão. Cada Energy Compact é adaptado ao contexto nacional, integrando infra-estruturas, financiamento e políticas, com o apoio técnico de parceiros como a Fundação Rockefeller, a Global Energy Alliance for People and Planet (GEAPP), a Sustainable Energy for All (SEforALL) e o Energy Sector Management Assistance Program (ESMAP) do Banco Mundial.
Moçambique, pela voz do Presidente Daniel Chapo, reafirmou a sua ambição de desempenhar um papel de liderança regional: “Moçambique está no caminho para atingir as metas da Mission 300 e consolidar-se como uma potência regional, através da exportação de energia limpa, abundante e acessível. Queremos universalizar o acesso, promover o crescimento económico e a industrialização verde, e reforçar a integração regional”.
Outros líderes africanos também enfatizaram compromissos nacionais, desde a transição para energias renováveis nos Camarões até à mobilização de 190 milhões de dólares pelo governo de São Tomé e Príncipe para financiar projectos de electrificação sustentável.
O desafio, reconhecem os parceiros, vai muito além da construção de infra-estruturas: requer um ambiente regulatório estável, utilities financeiramente sustentáveis e mecanismos que reduzam os riscos para investidores privados, elementos vistos como centrais para cumprir a meta de 300 milhões de africanos ligados até 2030.
Fonte: O Económico