Resumo
A tuberculose pediátrica é um desafio significativo em Moçambique, com altos índices de subdiagnóstico e falta de ferramentas adequadas para deteção e tratamento, segundo a pesquisadora Denise Banze. Métodos de diagnóstico atuais têm limitações, especialmente em crianças pequenas, e estima-se que metade dos casos de tuberculose infantil não são diagnosticados globalmente. Banze destaca a necessidade de tecnologias avançadas, como biomarcadores sanguíneos, para melhorar o diagnóstico em locais com recursos limitados. Além disso, sublinha lacunas no tratamento, como a falta de formulações pediátricas de medicamentos essenciais, como a rifampicina, e a importância de investir em soluções sólidas e acessíveis para garantir a adesão ao tratamento em crianças.
Falando como oradora do Simpósio 1 das XVIII Jornadas Nacionais de Saúde, que decorrem em Maputo desde a última terça-feira, Banze explicou que os métodos de diagnóstico actualmente usados apresentam várias limitações.
“A expectoração é viável apenas em crianças mais velhas, a lavagem gástrica e o aspirado nasofaríngeo são invasivos, facto que exige uma equipa treinada, e os exames de fezes têm sensibilidade variável”, esclareceu.
Segundo a especialista, estimativas apontam que, entre 1,2 e 1,3 milhão de crianças desenvolvem tuberculose todos os anos no mundo, sendo que apenas metade dos casos foi diagnosticada e notificada em 2022. O problema é ainda mais grave em crianças menores de cinco anos, em que a taxa de mortalidade se mantém elevada.
A pesquisadora diz que as tecnologias mais avançadas, como biomarcadores sanguíneos e testes imunológicos, poderão desempenhar um papel fundamental no diagnóstico da doença em locais com poucos recursos, mas estas ainda estão em fase de validação.
Banze refere, ainda, que, assim como o diagnóstico, o tratamento ainda apresenta lacunas importantes, sobretudo na falta de formulações pediátricas dispersíveis de medicamentos essenciais, como a rifampicina, sendo que muitos países ainda recorrem à adaptação de comprimidos para adultos, o que aumenta o risco de erros de dosagem.
“Apesar de avanços com novas formulações e dispositivos inovadores, é urgente investir em soluções sólidas, seguras e acessíveis, para garantir a adesão ao tratamento em crianças”, recomendou, salientando que o futuro dependerá da expansão de métodos não invasivos, do desenvolvimento de medicamentos adequados para crianças e do acesso equitativo às inovações.
Fonte: INS