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Dívida Global Domina Agenda do G20: Kganyago Alerta Para Risco Sistémico de Endividamento

Resumo

O aumento acelerado da dívida global preocupa o G20 devido a juros altos, défices persistentes e vulnerabilidades fiscais crescentes, alertando o Governador do Banco Central da África do Sul. Segundo o FMI, a dívida pública global poderá ultrapassar os 100% do PIB mundial até 2029, atingindo os 123% até ao final da década. O FSB classifica a dívida como risco sistémico prioritário. Mais de 165 organizações internacionais pedem ação para promover a sustentabilidade da dívida. Analistas alertam para a vulnerabilidade das economias avançadas e emergentes devido ao endividamento. O debate no G20 destaca a necessidade de cooperação multilateral para evitar uma crise de crédito global.

O aumento acelerado da dívida global está a tornar-se o principal foco de preocupação do G20, num contexto de juros elevados, défices persistentes e vulnerabilidades fiscais crescentes. O alerta foi lançado pelo Governador do Banco Central da África do Sul, Lesetja Kganyago, à margem das Reuniões Anuais do FMI e Banco Mundial em Washington.

Dívida Mundial Alcança Níveis Históricos

Segundo as projecções do Fundo Monetário Internacional (FMI), a dívida pública global deverá ultrapassar os 100% do PIB mundial até 2029, podendo chegar aos 123% até ao final da década, em caso de cenário adverso — valores comparáveis apenas ao período pós-Segunda Guerra Mundial.

O aumento deve-se à conjugação de custos de financiamento mais altos, crescimento económico anémico e aumento estrutural da despesa pública em resposta a choques climáticos, geopolíticos e sociais.

“A questão da dívida deixou de ser um problema dos mercados emergentes. É agora uma questão global — e um desafio também para as economias desenvolvidas”, afirmou Kganyago.

O Financial Stability Board (FSB), órgão técnico do G20, classificou a dívida como risco sistémico prioritário, dada a crescente exposição dos bancos, fundos de investimento e seguradoras à dívida soberana.

G20 Procura Consenso Sobre Sustentabilidade Fiscal

O tema da dívida domina a reunião de ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais do G20, que termina esta quinta-feira, e que deverá emitir uma declaração conjunta sobre o tema.
Com a África do Sul a concluir o seu mandato na presidência rotativa, o país prepara a transição para os Estados Unidos, que assumirão a liderança do grupo.

Kganyago sublinhou que as discussões actuais estão centradas na continuidade da agenda africana sobre dívida e custos de financiamento.

“Amanhã saberemos o que será transportado para a presidência americana e quais serão as novas prioridades”, afirmou.

Durante o mandato sul-africano, o G20 deu maior visibilidade ao tema dos pagamentos transfronteiriços — considerado um dos avanços técnicos mais consensuais entre os membros, incluindo os Estados Unidos.

Pressões Políticas e Chamados à Acção

Mais de 165 organizações internacionais da sociedade civil, incluindo a Eurodad e a Malala Fund, criticaram a lentidão dos progressos na promoção da sustentabilidade da dívida e exigiram mecanismos mais justos de reestruturação.

O director do Departamento de Assuntos Fiscais do FMI, Vítor Gaspar, advertiu para o risco de um “ciclo vicioso fiscal-financeiro”, em que o endividamento excessivo e as taxas de juro elevadas se reforçam mutuamente, minando a estabilidade global.

“Os governos devem reconstruir margens fiscais e evitar uma espiral de dívida e juros insustentáveis”, afirmou Gaspar, alertando que a ausência de disciplina fiscal poderá comprometer o crescimento económico nos próximos anos.

Dívida e Estabilidade: Risco Global Partilhado

Analistas alertam que, pela primeira vez em décadas, as economias avançadas estão tão vulneráveis quanto as emergentes, dada a magnitude do endividamento e o esgotamento das reservas orçamentais.
Nos Estados Unidos, o défice público ultrapassa 6% do PIB, enquanto na Europa o envelhecimento populacional e os custos energéticos elevam as pressões fiscais.

O debate no G20 ganha relevância adicional num momento de desalinhamento político entre Norte e Sul globais, em que os países africanos e em desenvolvimento reclamam maior voz nas decisões sobre dívida e financiamento sustentável.

Para o Governador Kganyago, a cooperação multilateral será decisiva para evitar uma crise de crédito de proporções globais.

“A dívida é hoje o elo comum das vulnerabilidades internacionais — e exige respostas coordenadas e credíveis”, sublinhou.

Fonte: O Económico

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