Questões-Chave:
As moedas dos Estados Unidos e da China registaram estabilidade esta quarta-feira, na sequência de um entendimento preliminar alcançado entre os dois países para aliviar as restrições sobre exportações críticas. O acordo, baseado na trégua de Genebra, sinaliza um possível desanuviamento na guerra comercial em curso, embora os mercados permaneçam cautelosos devido à escassez de detalhes e à persistência de riscos estruturais.
Concluídas as negociações comerciais em Londres, os representantes norte-americanos e chineses anunciaram um acordo-quadro que visa resolver as restrições cruzadas sobre exportações de terras raras e tecnologias estratégicas, bem como mitigar o impacto das tarifas adicionais introduzidas por ambas as partes nos últimos meses.
“As conversações correram bem e estamos alinhados quanto ao caminho a seguir”, afirmou o Secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, reforçando que a prioridade agora é obter a aprovação presidencial do entendimento.
O yuan onshore manteve-se estável em 7,1873 por dólar, e o yuan offshore fechou em 7,1875, reflectindo moderação nas reacções imediatas do mercado cambial. O índice do dólar (DXY), que mede o desempenho da moeda norte-americana face a seis outras divisas principais, avançou ligeiramente 0,1%, atingindo 99,132.
Mercado Cambial Reage Com Prudência
Embora o ambiente de negociação pareça ter melhorado, analistas alertam para riscos ainda presentes no horizonte comercial e monetário global. Tony Sycamore, analista da IG, classificou como “fantástico” o potencial cumprimento do pacto de Genebra, que previa a redução das tarifas dos EUA sobre bens chineses para 30% e, reciprocamente, as tarifas da China para 10%.
“O mercado ainda está indeciso entre comprar ou vender dólares — o que demonstra incerteza sobre a robustez deste entendimento”, observou Sycamore.
Riscos Persistentes e Impacto nas Políticas Monetárias
Apesar do alívio imediato, um tribunal federal autorizou a manutenção das tarifas mais abrangentes de Trump, pendente de recurso, o que contribui para a prudência dos investidores.
Além disso, analistas do ANZ Bank alertam que os efeitos inflacionários destas tarifas serão sentidos pelos consumidores nos próximos meses, o que poderá condicionar futuras decisões da Reserva Federal dos EUA (Fed). Estima-se que a inflação subjacente aumente, pressionando os decisores a manterem uma política monetária cautelosa.
O mercado aguarda ainda os resultados do leilão de US$ 39 mil milhões em títulos do Tesouro a 10 anos, que poderá servir de termómetro à confiança dos investidores no endividamento dos EUA, particularmente num momento em que se discute um pacote fiscal e orçamental controverso no Congresso.
Outros Movimentos no Mercado Cambial e de Dívida
O anúncio do acordo-quadro entre os EUA e a China trouxe algum alívio ao ambiente geopolítico e financeiro, mas ainda não convenceu plenamente os mercados. Sem detalhes claros e com riscos sistémicos persistentes — como inflação, sucessão na Reserva Federal e tarifas em vigor —, os investidores mantêm uma postura de prudência. O futuro da política comercial dos EUA e a sua intersecção com a estabilidade macroeconómica continuarão a dominar o sentimento dos mercados nas próximas semanas.
Fonte: O Económico