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O dólar norte-americano recuperou ligeiramente face a mínimos de duas semanas, mas mantém-se a caminho da maior perda semanal em um mês, à medida que os investidores ajustam posições antes das reuniões de política monetária da Reserva Federal dos EUA (Fed) e do Banco do Japão (BoJ), marcadas para a próxima semana.
O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana face a seis divisas principais, situava-se nos 97,448 pontos, acumulando uma queda de 1% na semana — o seu pior desempenho em quatro semanas. A pressão sobre o dólar resulta de uma combinação de incertezas comerciais, expectativas de cortes nas taxas e a força relativa do euro e do yen.
O euro manteve-se estável em $1,174, ainda próximo dos máximos de quatro anos registados no início de Julho ($1,183), com ganhos acumulados de 13,5% em 2025. A moeda europeia beneficiou da pausa nas políticas de afrouxamento do Banco Central Europeu, que manteve a taxa directora em 2%, e do aparente progresso nas negociações comerciais EUA-UE, com um possível acordo à vista antes do prazo de 1 de Agosto.
Também o yen japonês teve um desempenho notável, com ganhos de quase 1% na semana, apesar de recuos pontuais. A valorização do yen reflecte o optimismo dos mercados após um novo acordo comercial com os EUA, que reduziu as tarifas sobre importações automóveis nipónicas para 15%. No entanto, fontes próximas do BoJ sublinham que um aumento da taxa ainda este ano dependerá da resiliência da economia japonesa face às tarifas dos EUA.
“A próxima reunião do BoJ será acompanhada de perto para se captar qualquer indicação sobre o momento da próxima subida de taxas”, afirmou Carol Kong, estratega cambial do Commonwealth Bank of Australia.
Nos EUA, os mercados desvalorizaram a visita do ex-presidente Donald Trump à Fed — marcada por críticas ao custo de renovações no edifício da instituição e nova pressão por cortes nas taxas. Para os analistas, o episódio foi “espectáculo sobre substância”.
“O mercado está focado na reunião da Fed e espera que Powell reforce uma abordagem paciente e dependente dos dados”, sublinhou Prashant Newnaha, da TD Securities.
A Fed deverá manter a taxa directora entre 4,25% e 4,50%. Contudo, os investidores já antecipam cortes de 43 pontos base até final de 2025, com algumas casas, como o ANZ, a preverem reduções de 25 pontos base em Setembro e Dezembro. A análise da ANZ destaca sinais de enfraquecimento no mercado laboral, desaceleração do crescimento da procura e ausência de pressões inflacionistas oriundas das tarifas comerciais.
Entretanto, a moeda australiana beneficiou do aumento do apetite pelo risco, impulsionado pelos acordos comerciais, e aproximou-se do seu máximo de oito meses, cotando a $0,6593.
Já no universo das criptomoedas, a bitcoin caiu 2,6%, para $115.644, enquanto o ether recuou 3,3%, sendo transaccionado a $3.616, reflectindo a aversão pontual ao risco num contexto de expectativa generalizada.
Fonte: O Económico